Três políticos portugueses constam da mais recente investigação do consórcio internacional de jornalistas responsável pelos Panama Papers.
Os Pandora Papers, a maior investigação de sempre do ICIJ sobre o universo dos paraísos fiscais, revela negócios escondidos e fortunas offshore de líderes mundiais.
O Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ, na sigla em inglês), o mesmo que revelou os Luanda Leaks e os Panama Papers, publicou, este domingo, uma investigação feita a 12 milhões de ficheiros – os Pandora Papers – com origem em 14 escritórios de advocacia especializados em registar companhias offshore em alguns dos maiores paraísos fiscais do mundo, como o Panamá, as Ilhas Virgens Britânicas ou as Bahamas.
Com base naquela que o consórcio considera ser a “maior fuga de informação” sobre offshores da História, esta investigação – que envolveu mais de 600 jornalistas em 117 países – expõe os negócios secretos e o património escondido de 35 líderes mundiais (atuais e antigos) e de mais de 330 políticos e funcionários públicos, de 91 países e territórios, entre os quais Portugal.
De acordo com o “Expresso”, que integra o ICIJ e cuja prioridade na investigação desenvolvida foi apurar se haveria políticos portugueses mencionados nos ficheiros que compõem a massiva fuga de informação, foram descobertos três nomes de personalidades políticas do país: Nuno Morais Sarmento, advogado, atual vice-presidente do PSD e antigo ministro nos governos de Durão Barroso e Santana Lopes; Vitalino Canas, advogado, deputado socialista entre 2002 e 2019, secretário de Estado nos governos de António Guterres e porta-voz do PS durante a era Sócrates; e Manuel Pinho, ex-ministro da Economia entre 2005 e 2009, ex-administrador do BES e atualmente professor na Universidade de Columbia, nos Estados Unidos.
Segundo a publicação portuguesa, as razões para estes três nomes aparecerem associados à fuga de informação do ICIJ são bem diferentes umas das outras. Nuno Morais Sarmento foi o beneficiário de uma companhia offshore registada nas Ilhas Virgens Britânicas que serviu para comprar uma escola de mergulho e um hotel em Moçambique. A Vitalino Canas terá sido passada uma procuração para atuar em nome de uma companhia também registada nas Ilhas Virgens Britânicas. E Manuel Pinho era o beneficiário de três companhias offshore, já conhecidas por estarem referidas num inquérito-crime ainda em curso sobre a EDP.