Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), em 10 semanas, a variante Ómicron deu origem a 90 milhões de novos casos, superando o número de infeções registadas em 2020. Segundo a entidade, “a alta propagação do vírus espalhou, também, diversos mitos sobre a pandemia”.
A OMS declarou a Ómicron como uma variante “preocupante” a 26 de novembro de 2021. Desde então, surgiram muitos mitos sobre a nova variante, “dificultando a tomada de decisões por parte de cidadãos e governos”.
O diretor-geral da Organização, Tedros Gebreyesus, adiantou que, nas últimas 10 semanas, foram reportados 90 milhões de novos casos, um número superior ao total de infeções em 2020.
Para evitar que “os mitos se propaguem ao ritmo da variante Ómicron”, a OMS reuniu as dúvidas mais comuns, que circulam atualmente nas redes sociais, nos media e em pesquisas na internet e explicou, “com base em ciência”, o que é verdade:
1) É falso que todos os casos de Ómicron são leves
Facto: A Ómicron parece ser menos grave que a variante Delta, mas não deve ser considerada leve.
Vários países demonstraram que a gravidade da infeção pela variante nas suas populações foi menor em comparação à Delta. No entanto, os estudos têm ocorrido, sobretudo, em países com altas taxas de vacinação.
Assim, a OMS afirma que ainda é cedo para prever o impacto da Ómicron nos países com menores taxas de vacinação e nos grupos mais vulneráveis.
2) É falso que com “a Ómicron menos grave”, haverá menos hospitalizações
Facto: Ómicron representa um alto risco para os sistemas de saúde. Os dados atuais indicam que a variante se espalha mais facilmente do que a variante Delta.
Com sintomas mais leves de Covid-19, uma percentagem menor de pacientes precisa de hospitalização. No entanto, dado o número muito elevado de infeções, essa quantidade menor representa muitos internamentos.
O que torna mais difícil para os sistemas de saúde tratar pacientes com Covid-19 e outros tipos de doenças.
3) É falso que a Ómicron é semelhante à gripe comum
Facto: A Ómicron é muito mais perigosa do que a gripe comum
A variante aumenta a probabilidade de hospitalização e morte entre os infetados.
Para além disso, as pessoas infetadas pela Ómicron correm também o risco de desenvolver os efeitos de longo prazo da Covid, conhecidos como “Covid longa”.
4) É falso que a sublinhagem da Ómicron (a BA.2) não pode ser detetada
Facto: Todos os subtipos de Ómicron podem ser detetados
A variante Ómicron inclui quatro linhagens ou subtipos. A BA.1 é a responsável pela última onda de casos de Covid-19, mas BA.2 está a aumentar em muitos países, incluindo Índia, África do Sul, Reino Unido e Dinamarca.
A BA.2 difere da BA.1 em algumas proteínas, incluindo a proteína spike. A OMS explica que a BA.2 não causa uma marca específica em exames laboratoriais, podendo ser muito semelhante a outras versões do coronavírus, como a Delta, numa primeira triagem.
Isso não significa que a variante não possa ser detetada, mas sim que a deteção é feita de forma diferente.
A OMS pediu “priorização da pesquisa, independente e comparativa” sobre as características da BA.2, incluindo a sua capacidade de propagação e sobre a eficácia das vacinas disponíveis.
5) É falso que as vacinas não funcionam contra a Ómicron
Facto: As vacinas oferecem a melhor proteção disponível contra a variante
As vacinas continuam a proteger contra casos mais graves da doença e morte em casos de Covid-19 causados pela Ómicron, assim como fazem com as outras variantes ainda em circulação.
Até agora, a taxa comparativamente mais baixa de hospitalizações e mortes deve-se, em grande parte, ao facto de muitas pessoas já estarem vacinadas.
A vacinação estimula a resposta imunológica do corpo contra o vírus, que não só nos protege das variantes atualmente em circulação, como também de ficar gravemente doente com as possíveis futuras mutações.
6) É falso que as pessoas que não se vacinaram não ficarão gravemente doentes com Ómicron
Facto: Pessoas não vacinadas correm maior risco de contrair a Ómicron
A grande maioria das pessoas hospitalizadas em países onde a Ómicron se tornou a variante dominante, não é vacinada. Se não forem tomadas medidas para interromper a transmissão da Covid-19, a variante Ómicron irá disseminar-se com grande rapidez e, como na vaga Delta, as pessoas não vacinadas serão as mais afetadas.
A principal recomendação da OMS ainda é vacinar, quando for a sua vez, incluindo uma dose de reforço, se oferecida.
Além disso, a agência reforça que é necessário imunizar de forma igualitária 70% da população global até meados de 2022.
7) É falso que se alguém já tenha tido Covid-19 terá imunidade contra Ómicron
Facto: a Ómicron pode reinfectar pessoas que já tiveram Covid-19
A OMS recomenda que, mesmo quem já teve Covid-19, se vacine. Isto porque a reinfeção com a Ómicron é possível e, sem a imunização, há maior probabilidade de desenvolver casos graves, transmitir o vírus a outras pessoas ou ter sintomas de “Covid longa”.
A OMS lembra que ser vacinado “é a melhor maneira de se proteger a si próprio e aos outros, ou evitar adoecer gravemente e morrer.
8) É falso que doses de reforço não são eficazes na prevenção de doenças graves provocadas pela Ómicron
Facto: As doses de reforço são eficazes para aumentar a proteção
A eficácia das vacinas da Covid-19, como a de muitas outras vacinas (como a da gripe), diminui com o tempo, por isso as doses de reforço são recomendadas.
Assim, a proteção contra casos graves de Covid-19 é ampliada. Os reforços são especialmente importantes para grupos de risco: pessoas com mais de 60 anos ou com problemas de saúde pré-existentes.
Os profissionais de saúde também devem receber doses adicionais devido ao alto risco de exposição ao vírus e ao perigo de contágio para as pessoas vulneráveis de quem cuidam.
9) É falso que as máscaras são inúteis contra a Ómicron
Facto: O uso de máscaras é uma medida de proteção eficaz
Com base nas evidências disponíveis, todas as medidas preventivas que funcionam contra a variante Delta são eficazes contra a Ómicron, e isto inclui o uso de máscaras faciais.
A variante Ómicron espalha-se com tanta facilidade que, além da vacinação, todas as outras medidas preventivas são necessárias: uso de máscara, distanciamento físico, evitar espaços fechados ou lotados, garantir boa ventilação dos ambientes, proteger a boca ao tossir ou espirrar e lavar as mãos.
10) É falso que, sendo a Ómicron menos severa, estaremos a aproximar-nos do fim da pandemia
Fato: Não é possível prever o fim da pandemia
Segundo a OMS, é importante reconhecer que ainda temos um longo caminho a percorrer para acabar com a pandemia. Com as novas infeções em todo o mundo, a OMS acredita que as hipóteses de surgirem novas variantes são muito elevadas.
Para sair da fase aguda da pandemia, é fundamental cumprir a meta estabelecida de vacinar 70% da população de todos os países até meados deste ano e continuar a tomar as medidas para reduzir a transmissão, refere a OMS.