O cenário de seca grave é igual nos dois lados da fronteira. Portugal e Espanha já anunciaram um reforço dos “esforços de cooperação” para amenizar os efeitos do fenómeno climático nos dois países.
Não se espera uma melhoria significativa nos próximos dias, com a chuva prevista a ficar muito aquém das médias desta época do ano. O mês de janeiro de 2022 foi o segundo mais seco desde o ano 2000.
Segundo Ricardo Deus, climatologista do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) esta seca é excecional em termos de “intensidade, extensão e duração”.
No país vizinho o cenário é o mesmo. “Em janeiro, choveu apenas um quarto do que deveria ter chovido nessa altura”, disse Ruben del Campo, porta-voz da AEMET, a agência meteorológica espanhola, à AFPTV.
A situação pouco comum já levou o governo português a tomar medidas de emergência. Num país onde quase 30% do consumo de energia é hidroelétrica, as autoridades foram obrigadas a anunciar, no início de fevereiro, a suspensão da produção hidroelétrica em cinco barragens para “preservar os volumes necessários ao abastecimento público”.
Por outro lado, em Espanha, o ministro da Agricultura espanhol, Luís Planas, expressou a sua “preocupação” com a situação na quarta-feira, assegurando que o governo tomaria “as medidas necessárias de acordo com a evolução da situação”.
Os níveis dos reservatórios de água, que são essenciais para a agricultura, estão atualmente a menos de 45% da sua capacidade em Espanha, segundo as autoridades do país, sendo as regiões mais afetadas a Andaluzia (sul) e a Catalunha (nordeste).
A alternância entre a seca e os anos chuvosos é normal no sul da Europa, mas “ultimamente tem havido uma diminuição da percentagem de anos chuvosos”, disse Filipe Duarte Santos, investigador da Faculdade de Ciências de Lisboa e especialista em ambiente, que aponta o aquecimento global como principal responsável.