O que seria do mundo sem os corajosos, esforçados, flexíveis, humildes e brilhantes emigrantes lusos no século XVI? O que seria da globalização, da paz entre povos, sem as diásporas? Muito da exportação se deve àqueles que deixaram o conforto e a segurança das suas terras para aceitar o desafio de uma vida melhor algures. E lá, viram o potencial dos produtos e serviços dos seus ex-vizinhos e compatriotas.
Muitos países usam a diáspora para exportar para muitos pequenos, mas lucrativos nichos de mercado. Na Suécia não há AICEP, mas um grupo ligado à Confederação Industrial, que inclui estrangeiros que lá vivem, alguns técnicos experientes e vários emigrantes, recebe apoio do governo, mas no Conselho tem apenas um representante seu. Há ainda a Swedes Abroad, uma ONG de emigrantes, que responde a questões de nanoinvestidores, como “quem compra a segunda habitação” ou quer “iniciar um negócio ou uma parceria”.
O Brasil tem o CONCID, Conselho da Cidadania, onde a diáspora em cada consulado apoia diretamente os ali recém-chegados a gerir questões simples, a integrar-se na sociedade local. E ajuda-os a formar PMEs que, em geral, importam produtos finais ou semiacabados da sua “terrinha”.
Empresários de quase todos os países usam a Câmara de Comércio no estrangeiro para iniciar contactos para exportação. Esta, recruta quase sempre técnicos na diáspora local para estudos de mercado e de potenciais parceiros. Foi assim que a minha nanoempresa de consultoria entrou no mercado da região de Nanjing, na China, para lá, devagar, obter clientes.
A diáspora lusa tem muitos milhares de descendentes em postos de comando em grandes empresas e organizações lá fora. Eles podem, melhor do que ninguém, ajudar-nos a exportar ou trazer alta tecnologia para aumentar a nossa competitividade, em nichos que as nossas empresas precisam, para garantir mais exportações no futuro.
Somos excelentes a exportar calçado, tecidos e confeções. Somos excelentes em turismo, em moldes e muitas peças mecânicas. Mas o baixo preço aos agricultores, em produtos rurais, e talvez a pouca compreensão do lucro potencial em extratos, essências e outras substâncias que entram na composição de fármacos, cosméticos, homeopáticos e não só, ainda não nos levou a explorar estes nichos. As nossas enfermeiras na Noruega conhecem o potencial.
Temos excelentes soldadores, mecânicos e outros usados em reparações navais. Eu próprio, há décadas, recrutei soldadores da Lisnave para a Suécia. Temos uma posição geoestratégica invejável para vendermos serviços de manutenção naval. Os nossos projetistas a trabalhar no Reino Unido, em França e não só, podem apoiar-nos.
Há 17 anos, quando elegi Portugal o melhor país do mundo para a minha habitação-base, descrevi o enorme potencial dos colégios-internos e universidades para estrangeiros. Somos um povo muito acolhedor, simpático, flexível, seguro, o que faz com que os pais nos confiem os seus jovens filhos. A estrangeira Nobel comprou, por cá, internatos para explorar a fileira de colégio-internacional. A Nova investiu muito num novo campus, num local paradisíaco para ricos jovens universitários. Isto elevou a procura por imóveis simples; agora a vinda constante dos pais aumentou a procura de novo lar para a família.
Se a diáspora é para nós um diamante, que tal poli-lo num Conselho ligado diretamente ao PM ou Ministro de Estado, para melhor aproveitar o potencial gigante das qualidades humanas, geopolíticas e técnicas deste nosso querido Portugal?
Yes, we can! Polir o diamante da diáspora!