O Viaduto das Andresas foi premiado nos Global Future Design Awards 2020, na categoria de Design Urbano, dezasseis anos após a sua conceção, no âmbito do Euro 2004.
Integrada no âmbito da competição de futebol europeia e das acessibilidades ao Estádio do Bessa, a execução do Viaduto das Andresas, da autoria do arquiteto Manuel Ventura, conquistou o primeiro lugar na categoria de Design Urbano, nos prestigiados prémios internacionais.
O projeto de arquitetura, que se tornou num dos símbolos do crescimento da cidade e um marco do contínuo melhoramento das acessibilidades numa malha urbana em desenvolvimento, cumpriu uma outra importante função, ao completar o traçado da Avenida do Bessa, projetada nos anos 90 pelo mesmo arquiteto, Manuel Ventura.
À data, a infraestrutura viria também a ser pioneira pela nova metodologia de montagem, testada pela primeira vez em Portugal. “De modo a diminuir o tempo de execução e a causar o mínimo impacto sobre o normal funcionamento da VCI, a estrutura de 900 toneladas de aço foi montada peça por peça (…) e posicionada no local durante a noite, em apenas duas horas”, informa o gabinete de Manuel Ventura.
Organizada pelo portal de arquitetura Architecture Press Release, a competição Global Future Design Awards tem como objetivo reconhecer ideias que redefinem a arquitetura através da implementação de novas tecnologias, materiais, programas e estéticas, focando-se em temas como a globalização e a revolução digital.
Intrinsecamente associado a um plano de urbanização, o projeto surge no contexto da construção de uma nova avenida que se revelaria decisiva para a zona da cidade onde está inserida. A Avenida da Paralela alivia o trânsito associado à Avenida da Boavista – a maior e uma das mais importantes artérias do Porto – e prolonga a ligação entre as zonas nascente e oeste da cidade. Para a sua realização seria imprescindível um viaduto, devido à necessidade de atravessar a circular do Porto, que liga os vários centros urbanos da cidade.
Concebido inicialmente na década de 90, o projeto concretizou-se no novo milénio, no âmbito de um plano de melhoria das acessibilidades e infraestruturas rodoviárias para o Euro 2004, devido à sua proximidade ao Estádio do Bessa. O Viaduto de Andrésas foi desenhado com base no conceito de estrutura metálica totalizante, capaz de compreender num único vão a distância entre os dois lados da circular do Porto no ponto onde está inserido: 84 metros.
A peça de aço de 900 toneladas foi construída em terreno adjacente e transportada até o ponto de implantação em duas horas, por meio de guindastes e caminhões com controle remoto. Assim, os tempos de conclusão foram encurtados, causando impacto mínimo no funcionamento normal do tráfego. Esta metodologia de montagem e colocação foi utilizada pela primeira vez em Portugal.
A obra envolveu o arranjo urbano de uma área envolvente imediata com alguma expressão. A implantação só se tornou possível com a demolição de algumas construções existentes e com a alteração da estrutura e desenho do espaço público adjacente.
Do ponto de vista topográfico, era necessário encontrar uma solução eficaz para a grande diferença de quotas – cerca de nove metros – entre os dois lados da circular do Porto. A estrutura foi elevada em relação ao próprio corredor, invertendo as vigas de apoio, de forma a respeitar a distância mínima necessária para a livre circulação do anel viário. Esta solução estrutural é semelhante às de muitas pontes metálicas da segunda metade do século XIX. Adota um sistema de treliças de traçado oval cuja expressão é evidente tanto na planta como na elevação. Esta solução – com os flancos aproximando-se visualmente, mas nunca se tocando, juntamente com os elementos que a compõem – permite contrabalançar as forças de flexão provocadas pela passagem dos veículos, estabilizando o vão superior.
Todas as peças estruturais utilizadas partem de elementos tubulares que se articulam por meio de ligações nodais, de onde sempre partem outros elementos. Enquanto as vias se localizam no espaço interior definido por duas vigas longitudinais, o percurso pedonal atravessa o viaduto no espaço exterior a essas vigas. A largura do conjunto não ultrapassa as dimensões que garantem a distância necessária entre o viaduto e os edifícios residenciais vizinhos, reforçando o enquadramento e as relações no âmbito do desenho urbano.