Portugal e França vão aprofundar as relações bilaterais através de um “tratado de amizade” que pretende reforçar a cooperação em várias áreas setoriais, como a educação, a economia e a energia, disse à Lusa fonte do gabinete do primeiro-ministro.
A decisão foi tomada durante um almoço que juntou no palácio do Eliseu, em Paris, o primeiro-ministro português, Luís Montenegro, e o Presidente francês, Emmanuel Macron, que visou o aprofundamento das relações bilaterais entre os dois países.
Segundo a fonte do gabinete de Montenegro, o objetivo é iniciar “um novo ciclo” na relação entre Portugal e a França, através da realização de encontros bilaterais com maior regularidade.
Os dois países vão agora trabalhar num “tratado de amizade” para impulsionar a partilha de conhecimento e informação “nas mais variadas áreas setoriais”.
A França tem já tratados estratégicos bilaterais com países como a Espanha, Itália e Alemanha e passará no futuro também com Portugal, disse à Lusa a mesma fonte.
Além dos tratados, Montenegro e Macron acordaram também em realização encontros bilaterais “com mais regularidade” de modo a incrementar as relações entre os dois países.
A fonte do gabinete de Montenegro lembrou a importância da comunidade portuguesa em França, embora relevando que não tem, depois, tradução prática na relação entre os dois países, uma situação que o Governo português pretende agora inverter.
O primeiro-ministro agradeceu «o acolhimento e integração que as autoridades francesas e o Presidente têm dedicado a esta comunidade», mas «também há uma comunidade crescente de franceses em Portugal e muitos outros que nos visitam. Quero garantir que Portugal receberá sempre com entusiasmo, com amizade e com espírito de solidariedade os cidadãos franceses».
Desejou ainda à França «as maiores felicidades pela organização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos. Estou convencido que será um grande momento do espírito de unidade à escala global, e que será um momento de afirmação da inovação que tanto caracteriza a França e as suas instituições. Farei questão de cá vir nessa ocasião para testemunhar a vossa capacidade organizativa e para acompanhar os atletas portugueses», disse.
Montenegro manifestou a sua «profunda gratidão, em nome do povo português pela mensagem que o Presidente Macron nos dirigiu por ocasião da evocação dos 50 anos do 25 de Abril, da nossa revolução, que, como relembrou, nos conferiu um regime democrático, livre, muito inspirado em França e nos que, no exílio, aqui foram alimentando o sonho da liberdade».
No final do almoço de hoje no palácio do Eliseu, Luís Montenegro manifestou-se empenhado no reforço da relação entre os dois países, destacando as agendas europeias, mas também a influência em África, que ambos partilham.
“A nossa predisposição é não só continuar como reforçar os nossos laços, por isso venho aqui, caro Presidente, com a intenção de dar continuidade à relação que temos, mas incrementá-la e dizer-lhe que temos à nossa frente um espaço de cooperação que pode ser mais profundo e que pode servir os nossos povos”, afirmou Luís Montenegro, no Palácio do Eliseu, em Paris, onde foi recebido para um almoço de trabalho.
Perante o chefe de Estado francês, o primeiro-ministro português sublinhou que “Portugal e a França têm uma relação de parceria muito transversal, histórica, quer do ponto de vista bilateral”, quer do ponto de vista do “compromisso com os valores e a construção do futuro da União Europeia, quer do ponto de vista global nas Nações Unidas” e em áreas geográficas onde têm interesses comuns, “como África”.
“Estamos muito focados e solidários, nas principais agendas que temos hoje na frente de nós na União Europeia, desde logo o apoio à Ucrânia face à invasão da Rússia, o acompanhamento da situação na Faixa de Gaza e todo o processo de relançamento económico da Europa”, declarou.
O almoço de trabalho com o Presidente francês, em Paris, segue-se às reuniões de Luís Montenegro com o presidente do Governo espanhol, Pedro Sanchez, e com chanceler alemão, Olav Scholz.