O Barómetro da Mobilidade em Portugal, uma plataforma digital que disponibilizará conteúdos em tempo real e de livre acesso a partir de 2018, tem como objetivo refletir sobre as “novas tendências de mobilidade nas cidades”. Esta é uma iniciativa conjunta do CEiiA, Centro de Engenharia e Desenvolvimento de Produto, com o ‘Green Project Awards’ e a Agência Portuguesa do Ambiente (APA).
Em declarações à agência Lusa, a diretora do Laboratório das Cidades do CEiiA, Catarina Selada, descreveu os objetivos da criação desta plataforma que espera que esteja disponível no final do próximo ano, ainda que alguma informação parcelar tratada no âmbito do barómetro comece a ser divulgada antes.
“O modelo de mobilidade sustentável tem muito a ver com a ambição de descarbonização da sociedade. E pretende-se que o barómetro venha colmatar lacunas, permitindo agregar numa única plataforma informação de diversas fontes urbanas, bem como das organizações ou entidades que têm informação sobre mobilidade. Trata-se de uma matéria que não se encontra agregada num único lado”, descreveu Catarina Selada.
As lacunas às quais a responsável se refere são, por exemplo, o facto “de os sistemas estatísticos existentes, quer a nível nacional, quer internacional, estarem obsoletos e desatualizados”, não tendo, descreveu a diretora, indicadores que dizem respeito à mobilidade e aos transportes.
“Não há uma recolha de dados que diga respeito às tendências da mobilidade do futuro. Temos indicadores tradicionais, mas não temos indicadores que nos permitam perceber a evolução da mobilidade elétrica, a adoção de sistemas de mobilidade inteligentes ou a economia da partilha”, enumerou. Catarina Selada verificou, ao trabalhar o projeto de criação do Barómetro da Mobilidade em Portugal, que “também não estão aproveitadas as novas tecnologias” e apontou como meta recolher dados que podem ser analisados com vista a integrarem políticas públicas, mas também ideias de empresas, programas de universidades ou pesquisas dos cidadãos.
É perspetiva dos responsáveis que o Barómetro da Mobilidade em Portugal também integre bases de dados como uma listagem de boas práticas de projetos que estão a ser desenvolvidos por Municípios ou de teses de doutoramento e mestrado desenvolvidas nas universidades, bem como projetos de investigação apoiados pelo Portugal 2020.
“O utilizador, através de uma plataforma digital, poderá pesquisar, filtrar, selecionar informação de acordo com as suas necessidades. Também poderá produzir gráficos e mapas”, desenvolveu Catarina Selada, destacando a vontade de que este barómetro permita interação com o utilizador. São público-alvo as cidades, ou seja, autarquias e instituições públicas locais ou de diferentes escalas, universidades na medida em que estudantes e professores podem pretender fazer trabalhos sobre a área, bem como empreendedores que pretendam desenvolver produtos de mobilidade e cidadãos que queiram tomar decisões no quotidiano ou queiram perceber melhor o funcionamento do seu território.
Sem revelar quanto custa este projeto, Catarina Selada valorizou ainda o envolvimento da APA por, através desta entidade, se “conseguir perceber a relação entre os padrões de mobilidade e as emissões do carbono e de outros gases com efeito de estufa, logo perceber como é que uma coisa contribui para a outra”. E, além de dados a APA, o Barómetro da Mobilidade poderá integrar informação de entidades como o Instituto Nacional de Estatística, a Associação do Comércio Automóvel de Portugal, a rede Mobi.e e os diferentes municípios.
Os responsáveis falam em “esforço de consolidação inédito” e em “criação de novas ferramentas para a medição de indicadores até agora ignorados pelas estatísticas oficiais”. Os resultados deste barómetro serão divulgados anualmente numa conferência e poderão ser consultados ‘online’.
































