O advogado, de 70 anos, natural de Lisboa está na América do Norte desde 1962 e formou-se em direito em 1975, na Faculdade Osgoode Hall da Universidade de York.
A “falta de diversidade profissional” entre os emigrantes portugueses no Canadá é algo que preocupa os dirigentes associativos no país, esperando que as novas gerações procurem outras áreas de interesse, menos tradicionais.
“Há uma falta de diversidade comercial e profissional, estamos extremamente concentrados nas áreas dos serviços, restauração e construção. Devia haver mais diversidade”, afirmou Fernando Costa, o primeiro advogado português licenciado no Canadá, que agora colocou um ponto final à sua carreira profissional.
Dirigente de várias associações e estruturas de emigrantes no país, Fernando Costa recorda que a comunidade resistiu muito à integração plena no Canadá, preferindo-se concentrar em zonas específicas de grandes centros urbanos como Toronto ou Montreal, o que indicia uma “certa dependência” interna que “evita uma melhor integração na sociedade canadiana”.
Essa concentração territorial foi-se diluindo ao longo dos anos, admitiu o advogado que procurou exercer a sua carreira de jurídico também como uma “obrigação social e comunitária de zelar pela comunidade (portuguesa), reivindicando os direitos de todos”.
Fernando Costa foi dirigente do First Portuguese Community Centre, e sócio fundador da Federação de Empresários e Profissionais Luso-canadianos (FPCBP) e presidente em 1986.
“A grande contribuição foi a entrega das bolsas de estudo para fomentar a continuidade dos estudos dos jovens lusodescendentes”, reconheceu.
Esses apoios permitiram que muitos filhos da comunidade “conseguissem concluir os estudos”, estando nos dias de hoje bem integrados na sociedade.
A sua mãe, Melba Costa (já falecida) foi a primeira médica portuguesa no Canadá e uma fonte de inspiração para Fernando Costa.
Enquanto estudante, na década de 1970, recorda a criação de uma instituição que ajudou a regularizar quase dois mil portugueses que estavam em situação indocumentada no Canadá, na sequência de uma amnistia administrativa imposta por Otava.
“Julgo que a minha missão foi cumprida, agora quero criar novos interesses e novas atividades”, concluiu Fernando Costa.