A campanha rumo à Antártida integra 122 elementos, dos quais 19 são cientistas portugueses.
Os cientistas portugueses que foram hoje para a Antártida no âmbito do programa Propolar, trabalham em sete projetos relacionados principalmente com aquecimento global e alterações climáticas, como a adaptação de espécies às mudanças, mas também com poluição causada pelo mercúrio.
Os projetos portugueses “são bastante conceituados internacionalmente, porque focam áreas muito interessantes da questão do aquecimento global e das alterações climáticas”, disse Teresa Cabrita, diretora executiva do Programa Polar Português (Propolar) à Lusa.
Financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), o Propolar, que apoia projetos de investigação e a ciência polar portuguesa, tanto no Ártico, como na Antártida, organiza anualmente uma viagem de avião para transportar investigadores para o polo.
Entre os 122 investigadores, oriundos de instituições de vários pontos do país, alguns vão estudar o efeito do mercúrio nas respostas fisiológicas e nos genes das comunidades que constituem a base das cadeias alimentares marinhas, como o fitoplâncton, e o zooplâncton.
Os cientistas vão estar numa ilha, um cone vulcânico que está inundado e onde há “uma enorme disponibilidade de mercúrio decorrente da atividade do vulcão, sendo, portanto, uma fonte natural” e vão tentar identificar as alterações que permitiram a sobrevivência de espécies nestas condições, explicou Teresa Cabrita.
Em Portugal, existem vários ecossistemas com contaminação por mercúrio e este trabalho pode ajudar a compreender como são afetados, acrescentou.
Conhecer os ciclos de pedra ordenados, formações rochosas suscetíveis aos ciclos de congelação e de gelo, com grande potencial como indicadores das variações climáticas ao longo da História, ou saber mais sobre o retrocesso glaciário, desde o último máximo glaciário global até aos nossos dias, são outros dos projetos na área das alterações climáticas.
O que se passa nas regiões polares influencia todo o planeta em termos de alterações climáticas, e Portugal é um dos países mais afetados por estas mudanças, salientou Teresa Cabrita.
Por isso, recordou, é importante ter consciência da necessidade de proteger estas zonas polares, compreender o que se passa para antecipar e preparar para as alterações que possa ocorrer.