Obras de Cruzeiro Seixas têm valores estimados entre 1200 e 8400 euros.
São quatro as obras de um dos mais importantes protagonistas do movimento surrealista em Portugal que a leiloeira Bonhams leva a leilão entre 66 lotes dedicado ao surrealismo.
Quatro obras de Artur do Cruzeiro Seixas vão a leilão em Londres, a 8 de março, refletindo o crescente reconhecimento internacional do artista surrealista português, explicou uma especialista da leiloeira Bonhams.
As obras, com valores estimados entre 1000 e 7000 libras (1200 e 8400 euros), fazem parte de um leilão com 66 lotes dedicado ao surrealismo, onde se destacam obras de Max Ernst, Salvador Dalí, Yves Klein, André Breton, Man Ray.
Segundo a diretora de vendas da Bonhams, Ruth Woodbridge, esta leiloeira britânica é a primeira a levar o trabalho de Cruzeiro Seixas a um mercado global. “Antes vendido principalmente em Portugal, os preços mais altos realizados por [trabalhos de] Seixas em leilão foram para esculturas zoomórficas monumentais, mas a contribuição para o movimento surrealista em geral agora está a ser reconhecido graças à inclusão na atual exposição da Tate Modern, Surrealism Beyond Borders”, disse.
A noite sem fim, um desenho a guache e aguarela executado em 1977, tem um intervalo de venda entre os 5000 e 7000 libras (6000 e 8400 euros), enquanto Estudo para um desenho perdido, um desenho a tinta da china realizado em Angola em 1957, está estimado entre 4500 e 6500 libras (5400 e 7800 euros).
Uma obra sem título nem data que consiste numa colagem num envelope, está avaliada entre 1800 e 2500 libras (2150 e 3000 euros) e outra obra, também sem título, de 2013, realizada em metal, tem um preço base entre 1000 e 1500 libras (1200 e 1800 euros).
Woodbridge salienta o facto de Cruzeiro Seixas ser um “artista experimental que utilizou todos os meios, seja pintura, desenho, poesia, colagem ou escultura” e cujo trabalho “reflete as influências de André Breton, Salvador Dalí e Giorgio de Chirico, [que] podem ser vistas nas suas paisagens alienígenas, ambientes noturnos e evocação de fantasmas e monstros”.
O trabalho de Cruzeiro Seixas tem sido exposto internacionalmente nos últimos anos em países como Espanha, França e Estados Unidos.
Atualmente, está integrado na exposição coletiva sobre o surrealismo na Tate Modern, na capital britânica, onde a escultura O seu olhar já não se dirige para a terra, mas tem os pés assentes nela foi colocada lado a lado com um trabalho de Marcel Duchamp.
O diretor da Perve Galeria, Carlos Cabral Nunes, congratula-se por um “trabalho de divulgação da obra de Cruzeiro Seixas” que tem vindo a fazer, nomeadamente na feira de arte internacional Frieze, também na capital britânica, no ano passado.
“No seguimento dessa mostra, foi-nos solicitada a colaboração por várias instituições, que ficaram muito interessadas em promover a obra de Cruzeiro Seixas, junto dos seus públicos. A Bonhams foi uma dessas organizações e nós temos procurado ajudar nesse processo de internacionalização”, disse à Lusa.
Cabral Nunes disse que tem repetido “em vários fóruns, que o Surrealismo português é, provavelmente, um dos últimos mistérios a revelar, no panorama artístico internacional, relativamente ao século XX, e é fascinante, para nós, termos a possibilidade de colaborar nesse sentido”.