Luís Marques Mendes considerou, este domingo, na sequência da polémica em torno da TAP, que há questões que é preciso fazer ao primeiro-ministro, António Costa, e ao país, nomeadamente o facto de o chefe do Governo nunca saber “de nada” quando ocorrem casos de tamanha “gravidade” no seu Executivo.
No seu habitual espaço de comentário, na SIC Notícias, o antigo líder do PSD começou por dizer que “o Governo fez o que tinha a fazer” ao demitir Christine Ourmières-Widener, então CEO da TAP, e Manuel Beja, presidente do conselho de administração da companhia, na sequência do relatório da Inspeção-Geral das Finanças (IGF). Contudo, Marques Mendes notou que há perguntas a fazer a António Costa.
“Claro que António Costa não tem responsabilidades diretas no caso, não tomou nenhuma decisão”, começou por introduzir o comentador, ressalvado, ainda assim, que há “questões que é preciso fazer, sobretudo, ao primeiro-ministro e ao país”.
“Então, surgem tantos casos graves como este, dentro do Governo, e o primeiro-ministro nunca sabe de nada? Isto é aceitável? Sendo ele o chefe do Governo, nunca sabe de nada?”, questionou.
Marques Mendes deu depois nota de outra pergunta: “Há ministros que tomam decisões disparatadas como esta e escondem informação ao primeiro-ministro, isto é aceitável? Então será que os ministros já não respeitam o primeiro-ministro e, portanto, escondem informação e não acontece nada?”.
“E isto que acontece, que é estranho, que não é compressível para ninguém, é só culpa dos ministros que fazem disparates ou também é responsabilidade da falta de liderança e falta de autoridade do primeiro-ministro?”, continuou o comentador, defendendo que “já são muitos os casos e casinhos e o primeiro-ministro nunca sabe de nada”.
“É muito estranho, é muito esquisito e alguém tem de esclarecer isto”, reiterou.
Ainda sobre a IGF, Marques Mendes considera que o relatório é “demolidor” para o ex-ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, – que se demitiu em dezembro do ano passado – o grande “responsável deste imbróglio”.
“Durante muito tempo, Pedro Nuno Santos andou a faltar à verdade nesta matéria. Quando se demitiu, ficou aquela ideia que ‘o secretário de Estado dele é que sabia de tudo, o vilão. O ministro, coitado, foi um herói, até se demitiu, assumiu responsabilidades e culpas que não tinha.’ Como se vem a ver no relatório, o ministro sabia de tudo e sabia de tudo desde o início”, afirmou.
Para o antigo líder do PSD, há algo que fica claro: “Tudo isto é de uma ligeireza enorme. Pedro Nuno Santos até pode chegar a líder do PS [Partido Socialista], mas com este tipo de comportamentos, e já são vários, tenho muitas dúvidas que alguma vez consiga ser primeiro-ministro em Portugal”.