A companhia irlandesa tinha pedido ao governo a libertação de slots da TAP para operar durante o verão. Na falta de resposta, cancelou 19 rotas num total de 5 mil voos.
Michael O’Leary, CEO da Ryanair, diz que a Ryanair foi “forçada” a cancelar 19 rotas e a despedir 150 funcionários por a TAP não libertar os slots que não pode usar.
A ameaça tem vindo a subir de tom e avisos não faltaram. A Ryanair avançou mesmo com o cancelamento de 19 rotas em Lisboa para o Verão, num prejuízo que, de acordo com a companhia irlandesa, irá eliminar 150 empregos, cancelar cinco mil voos, afetar 900 mil passageiros e resultar na perda de 250 milhões de euros em receitas turísticas para a capital portuguesa.
“Os cancelamentos irão reduzir as opções de viagem para todos os visitantes, bem como a perda de 150 empregos bem pagos na área da aviação, em Lisboa”, informa a Ryanair num comunicado enviado esta terça-feira, 08.
A transportadora aérea low-cost aponta o dedo à TAP pelo bloqueio de slots. “Esta ação deve-se ao facto da TAP continuar a bloquear slots no aeroporto de Lisboa, dos quais não pode nem irá utilizar neste Verão”, acusa.
“Enquanto a Ryanair continua a contribuir para o crescimento e investimento em Portugal, a TAP recebeu 3 mil milhões de euros em auxílios estatais, reduziu a sua frota em 20%, terminou com milhares de postos de trabalho e ainda libertou apenas menos de 5% dos seus slots em Lisboa, bloqueando assim o crescimento de outras companhias aéreas”, lamenta na mesma nota de imprensa.
Michael O’Leary tinha já pedido ao primeiro-ministro, António Costa, para que a TAP libertasse os slots no aeroporto Humberto Delgado ainda antes do Verão e não no período de inverno, conforme está estipulado no plano de reestruturação da TAP, aprovado pela Comissão Europeia.
“Os nossos últimos esforços para pedir ajuda ao primeiro-ministro António Costa resultaram num total de 0 respostas”, revela o CEO da Ryanair que tinha solicitado uma decisão, em tom de ultimato, até ao final do passado mês de fevereiro.
O responsável volta a acusar a TAP de bloquear o crescimento de outras companhias aéreas na capital portuguesa e de prejudicar a economia nacional. “A perda destas 19 rotas e 5000 voos este verão irá impactar a recuperação pós-COVID em Lisboa, pelo que a cidade irá ficar para trás, comparativamente a outras capitais da Europeias”, aponta.
A companhia irlandesa garante que as rotas serão repostas no próximo mês de outubro, para a programação de Inverno “uma vez que possui slots suficientes no Inverno para estes voos”, garante.
Recorde-se que no âmbito do processo de reestruturação que está a decorrer na TAP é a Comissão Europeia a responsável pelo processo da gestão dos slots da companhia aérea de bandeira portuguesa. Bruxelas exigiu à TAP que libertasse 18 slots no aeroporto Humberto Delgado para os seus concorrentes.
As restantes companhias aéreas deverão agora apresentar as respetivas manifestações de interesse para as faixas horárias disponíveis até dia 24 de março sendo que 12 de maio é o último dia para a apresentação de propostas, de acordo com a informação que já tinha sido avançada. A decisão final será anunciada em junho.
Companhia promete reembolsos
Agadir, Alghero, Alicante, Bari, Billund, Birmingham, Bournemouth, Baden-Baden, Lanzarote, Madrid, Malta, Memmingen, Oujda, Palermo, Perpignan, Poitiers, Tenerife, Wroclaw, Zaragoza são as rotas canceladas pela transportadora low-cost em Lisboa, que promete o reembolso dos bilhetes aos passageiros afetados.
“Todos os passageiros afetados por estes cancelamentos irão receber notificações no email até ao final desta semana, com a possibilidade de reembolso ou voos alternativos de/para Lisboa para o Verão 2022”, assegura.
