Um estudo levado a cabo pela Universidade de Coimbra (UC) concluiu que a segurança será um fator decisivo para a recuperação do setor de turismo nacional, “severamente” afetado pela pandemia da Covid-19.
Só a região do Centro de Portugal registou uma descida de 53% de dormidas de hóspedes face a 2019, e uma quebra de 35% no que toca a dormidas nacionais e de 75% de dormidas de estrangeiros, indica o estudo, que visou “perceber os impactos da atual pandemia nos hábitos e tomadas de decisão dos turistas no Centro de Portugal”.
“A segurança será um fator ainda mais decisivo na escolha do destino de férias, no contexto pós-pandémico, devendo assim ser um fator fundamental a considerar na recuperação da indústria turística”, destacam Catarina Gouveia e Cláudia Seabra, investigadoras do Centro de Estudos de Geografia e Ordenamento do Território (CEGOT), responsáveis pelo estudo.
“A pandemia teve um efeito muito significativo na perceção de segurança para a prática das várias atividades turísticas e de lazer, destacando-se as praticadas em espaços fechados ou de dimensão reduzida”, refere Cláudia Seabra.
Assim, a maioria dos participantes no estudo disse preferir agora “a casa própria, o alojamento local e casas de amigos e familiares, confirmando a importância do turismo doméstico nesta fase de incerteza”.
Prevê-se que “os destinos de natureza e sem grandes aglomerados de pessoas, onde os viajantes podem encontrar pequenas unidades hoteleiras e conseguem chegar no seu carro próprio, deverão tornar-se os locais mais procurados pelos turistas numa era pós- COVID-19”, apontam as investigadoras.
Os principais indicadores apurados fornecem ainda “pistas importantes para os gestores das organizações turísticas readaptarem as suas estratégias de marketing, de forma a reconquistar novamente os mercados desta região no contexto pós-pandémico”, frisam as autoras do estudo.
“O branding destes destinos deve assentar fortemente no fator segurança e as estratégias de segmentação e comunicação devem ter em linha de conta os novos hábitos dos turistas, centrados em alojamentos mais exclusivos e individualizados e em atividades de lazer associadas à natureza e visita a museus, monumentos e galerias” notam ainda as investigadoras do CEGOT.
A investigação, que foi financiada pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), envolveu 320 turistas que visitaram o Centro de Portugal entre novembro de 2020 e maio de 2021, na sua maioria de nacionalidade portuguesa (98,4%), que responderam sobre as principais escolhas nas suas viagens antes, durante e após a pandemia, designadamente alojamento eleito, planeamento da viagem, segurança e transporte utilizado nas deslocações de férias/lazer.