O presidente do Sindicato da Construção de Portugal, Albano Ribeiro, pretende que as autoridades competentes façam uma investigação relativamente «à violação grosseira da lei do destacamento» de trabalhadores portugueses na Bélgica.
O sindicato quer uma intervenção urgente da ACT – Autoridade das Condições de Trabalho, com a sua congénere belga, para procederem à investigação de várias empresas. Intervenção que diz respeito à «discriminação salarial, de alojamento e de viagens, descontos para a Segurança Social e ás diferenças salariais», para «evitar a morte de trabalhadores do setor que estão a trabalhar na Bélgica».
Albano Ribeiro afirma que há muitas empresas do setor da construção que estão a desviar grandes quantias de dinheiro ao Estado português e aos trabalhadores, isto porque não lhes é pago o salário do país de acolhimento tendo em conta a lei do destacamento. Como exemplo, «um carpinteiro belga ganha 2500€ por mês e um português a desempenhar as mesmas funções na mesma obra recebe 700€».
Em conferência de imprensa, o presidente do sindicato disse que «a maior parte dos trabalhadores que foram trabalhar para a Bélgica, através de angariadores de mão-de-obra, foram totalmente esquecidos». Adianta ainda que se não fossem as honestas empresas portuguesas que já estão há vários anos na Bélgica a dar-lhes trabalho, poderiam tornar-se mendigos.
«Estes patrões estão a fazer concorrência desleal com as empresas portuguesas idóneas que estão a operar neste país que é a casa da democracia europeia», sublinhou. O dirigente sindical referiu ainda que estes patrões inicialmente pagavam as viagens por companhias de voo low-cost, agora os trabalhadores depois de 10 horas de trabalho fazem 19 horas de viagem em carrinhas até Portugal.
«O sindicato e os portugueses conhecem bem a triste realidade daquilo que aconteceu na década de 90 do século passado entre Espanha e Portugal, quando 45 trabalhadores do setor perderam a vida nas estradas espanholas», disse.
Face a esta situação considerada muito grave, o Sindicato vai pedir a intervenção da Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT), da Polícia Judiciária (PJ) e da Segurança Social.