No enorme e lotado salão de exposições da quarta Exposição Internacional de Importação da China (CIIE, em inglês), quase todos os que passam pelo pavilhão nacional de Timor-Leste são atraídos pela fragrância de café e por um robô, com aparência Baymax, que move rapidamente os seus braços metálicos.
“Timor-Leste tem o melhor Kopi Luwak do mundo, e deve ser combinado com as melhores técnicas de fabricação de café”, refere Bei Lei, curadora executiva do pavilhão. O robô leva cerca de três minutos para preparar uma chávena de café, com todo o processo remotamente controlável.
A indústria cafeeira é considerada um pilar económico para Timor-Leste, um país com uma área terrestre de cerca de 14.800 km² e uma população de 1,3 milhão de pessoas.
Padrões ultra altos para a colheita e processamento de grãos fizeram do Kopi Luwak orgânico um produto icónico do país, com produção anual limitada a cerca de 800 kg.
Timor-Leste participa ativamente na CIIE desde 2018. Nos últimos quatro anos, o evento ajudou a elevar o perfil de seu Kopi Luwak na China, onde uma parcela crescente dos seus 1,4 biliões de pessoas se tornam amantes do café. Desde a Expo do ano passado, Kopi Luwak, bem como outros tipos de café especial do Timor-Leste, conseguiram encomendas no valor de 5 milhões de dólares americanos (cerca de 5 milhões de euros).
Segundo Bei, os compradores chineses “melhoraram substancialmente a vida dos agricultores em Timor-Leste”. A indústria agrícola do país foi fortemente afetada pela COVID-19 e por uma inundação devastadora em abril. “Foram as encomendas da China que ofereceram mais oportunidades aos agricultores que trabalham com o café”, refere.
Para expressar a sua gratidão, os agricultores locais passaram meses a tecer 100 peças de pano Tais, um têxtil tradicional com um significado simbólico de respeito, para apresentar aos “ilustres clientes chineses” na quarta CIIE.
O robô de café, no pavilhão, usa o pano Tais colorido nos seus ombros. Desenvolvido pela Beijing OrionStar Technology Co., Ltd, “o robô é capaz de destacar o melhor sabor do café, ao mesmo tempo que garante que cada chávena tenha o mesmo gosto”, diz Yang Xinbo, gerente sénior de produtos da empresa.
Yang salienta que a CIIE também fornece à empresa “uma grande plataforma para exibição e cooperação”, já que o robô e o Kopi Luwak de alta qualidade “trazem o melhor um do outro”. “Pretendemos estabelecer laços comerciais de longo prazo e vender a combinação para cantinas de funcionários e cafés de auto atendimento”, acrescenta.
A China tem incentivado e ajudado países menos desenvolvidos a juntarem-se à CIIE, a primeira exposição do mundo dedicada à importação a nível nacional. A área de exposição de Timor-Leste foi expandida “de uma prateleira solitária para dois stands padrão”, que abrangem um total de 18 metros quadrados, livre de taxas.
Trata-se de uma política preferencial que se aplica a todos os pavilhões nacionais dos países menos desenvolvidos. De acordo com a CIIE, 90 empresas de 33 países (nesta categoria) estão a participar na Expo deste ano, “enriquecendo as variedades de exposições, bem como a diversidade cultural”.
Para além da participação neste evento anual, de seis dias, Timor-Leste desfruta do “efeito de repercussão” da CIIE durante todo o ano. O país montou dois pavilhões dentro da zona-piloto de livre comércio em Shanghai, e na cidade de Hangzhou, “permitindo uma cooperação cada vez mais ampla e profunda entre os dois países”.
“A CIIE tornou-se bastante conhecida entre o povo de Timor-Leste. O país sentiu verdadeiramente a abertura da China e o seu papel como um grande país ao longo deste evento, que é bastante esperado por todos, em todas as suas edições “, reamta a curadora executiva do pavilhão.