Nas últimas décadas, o “meu querido mês de Agosto” transformou-se num grande momento de reencontro dos que cá estão com os que partiram e vêm matar saudades das suas terras de origem, a altura em que as nossas aldeias, normalmente despidas de gente, ganham nova vida, com crianças a brincar nas ruas e praças e adultos em conversas sobre a evolução das suas histórias de vida e a saúde de amigos e familiares.
Nos últimos anos, são as próprias cidades e vilas do chamado interior e mesmo do litoral que, também em Agosto, vêm os negócios locais, os restaurantes e os próprios centros comerciais ficarem cheios com pessoas que visitam e também compram, ao contrário do que se passa no resto do ano.
Na minha terra, em Viseu, a própria Feira de São Mateus adaptou o seu calendário ao fenómeno migratório, antecipando a respetiva abertura para início de Agosto, com evidente e reconhecido sucesso. Na verdade. é todo um Pais que se transfigura, com uma alegria redobrada, juntando tantas e tantos que só se reencontram nesta altura do ano.
Neste Agosto de 2024, espero que todo este universo de pessoas que nos visita, emigrantes, lusodescendentes e aqueles que os acompanham, consiga sentir já que o Pais tem uma nova dinâmica. Agora não se adia o ataque aos problemas. A palavra de ordem é “decisão”.
O atual Primeiro-Ministro, Luis Montenegro, tem dito e repetido que os problemas existem, que não é possível “varrê-los para debaixo do tapete”, mas que têm de ser afrontados com respostas sérias, sem demagogia e com determinação. Tem sido assim, desde que tomámos posse com o novo aeroporto de Lisboa, com a nova ligação ferroviária à Europa, com o dificílimo setor da saúde, com os problemas da tão importante carreira dos professores, com as dificuldades das nossas forças de segurança, com os incentivos fiscais aos jovens, com os apoios para a aquisição de habitação pelos mais novos, com o programa para acelerar a economia. entre muitos outros casos.
Em qualquer uma destas áreas, várias têm sido as medidas tomadas e que começam a ser executadas, esperemos que com sucesso. Porém, estamos bem cientes que não pode valer tudo. Temos recursos limitados e por isso temos de ser muito rigorosos na sua utilização.
A verdade é que a resolução dos grandes problemas nacionais passará por um grande desenvolvimento da economia. Se tivermos mais e melhores empresas, produziremos mais, venderemos muito mais e a receita dos impostos subirá de forma a termos melhores salários. Só assim evitaremos fuga de “cérebros” e teremos uma economia sólida. O turismo é muito importante, mas não e suficiente, É essencial que a indústria, a agricultura e administração pública sejam muito mais modernas e tenham melhores resultados. É isso que esperamos conseguir com as medidas que estamos a desenvolver.
Também na área especifica das comunidades portuguesas temos de fazer mais. Desde logo temos de garantir mais proximidade com as pessoas, com as organizações comunitárias. com as associações, com os empresários, com os líderes lusodescendentes. Os nossos consulados também têm de mudar. Estamos a trabalhar nisso e sabemos que, em muitos locais, o agendamento de atos consulares continua a ser um martírio. Para ajudar a resolver isso, estamos a substituir a totalidade dos computadores dos funcionários, trabalhamos para mudar os equipamentos de recolha de dados biométricos, estão a ser admitidos mais de uma centena de novos colaboradores. determinamos o aumento do número de permanências consulares e queremos diversificar a forma de fazer os agendamentos.
A resolução de alguns dos graves problemas laborais que afetam a generalidade dos nossos colaboradores (diplomatas, técnicos, administrativos, professores, leitores, coordenadores de ensino, etc) é igualmente um objetivo central da nossa ação.
Por outro lado, sabemos bem das enormes dificuldades que a nossa rede de ensino do português no estrangeiro está a atravessar, Temos perdido milhares de alunos todos os anos, sendo necessário inverter esta tendência. A eliminação do pagamento da propina, valorização das carreiras de professores e coordenadores, uma melhor utilização dos meios digitais e o alargamento da rede a novos países são objetivos que pretendemos atingir.
Mas, também sabemos que precisamos de mobilizar melhor os lusodescendentes para a vida comunitária em que associações necessitam de mais acompanhamento e mais organização e que temos muita gente no estrangeiro que precisa de apoio social devido às grandes dificuldades que atravessam.
Para tudo temos soluções, mas também precisamos de muita paciência e criatividade. Conhecemos o potencial das nossas Comunidades e sabemos bem que o desenvolvimento do nosso Pais também passa pela relação de proximidade que conseguirmos estabelecer com elas.
Mas temos muita fé e esperança de que teremos êxito! Portugal vai ser muito maior e melhor se conseguirmos concretizar o que temos em vista. Acreditamos que este “querido mês de Agosto” será um momento de proximidade e de esperança entre todos nós, os que veem de fora e os que cá estão.
































