A universidade de Lancaster em associação com a Native Scientist, uma organização britânica não-governamental, pretende demonstrar a jovens portugueses e luso-descendentes a residir em Inglaterra que “a ciência é também uma oportunidade de carreira”. As duas entidades vão organizar, no dia 12 de maio, um conjunto de oficinas em língua portuguesa, com o objetivo de combater estereótipos “mais evidentes entre os emigrantes portugueses”.
Joana Moscoso, bióloga e cofundadora da Native Scientist, organização sem fins lucrativos, diz que que o estereótipo de que os cientistas são sobretudo “homens superinteligentes de classe média-alta” deve ser combatido junto dos jovens portugueses, “para os encorajar a seguirem carreiras em ciências, tecnologias, engenharia e matemática (CTEM)”.
A investigadora, que se associou à Universidade de Lancaster, no noroeste de Inglaterra, vai organizar no dia 12 de maio, um conjunto de oficinas em língua portuguesa para jovens entre os 12 e os 15 anos sob o tema “Native Explorers”.
Estas oficinas vão permitir aproximar adolescentes de origem portuguesa e dar-lhes uma experiência na universidade, onde terão oportunidade de contactar com investigadores em áreas como engenharia química, biologia, astrofísica ou empreendedorismo.
De acordo com Joana Moscoso, “os estudantes migrantes são pelo menos duas vezes mais propensos a ter um desempenho inferior em ciência e matemática do que o resto dos colegas, acabando por rejeitar uma carreira em CTEM e por não frequentar o ensino superior”.
No caso da comunidade tradicional de emigrantes portugueses, “é frequente a falta de incentivo a carreiras científicas”, refere.
No dia 11 de maio, a universidade de Lancaster vai ainda realizar um evento direcionado sobretudo a académicos, profissionais ou empreendedores sociais, sob o tema “”Outreach without Borders” [Divulgação sem Fronteiras], onde serão discutidos desafios e oportunidades para a comunicação da ciência junto do público em geral.
“Neste evento vamos falar das últimas tendências neste campo, que são o desenvolvimento de atividades de comunicação de ciência viradas para um pública-alvo muito específico a fim de promover a inclusão e diversidade. Vamos apresentar projetos como a Native Scientist, para crianças emigrantes ou o Sex & Bugs & Rock N Roll, para apaixonados da música”, revelou.
A Universidade de Lancaster é vista como uma das dez melhores universidades do Reino Unido, onde 35% dos estudantes são internacionais, provenientes de mais de 122 países.
Muitos dos professores da instituição são também estrangeiros, como os portugueses Nuno Bimbo, Elizabete Carmo-Silva e Ricardo Zózimo, que vão estar a promover as oficinas no dia 12 de maio juntamente com Patrick Rebuschat, responsável pelo projeto de colaboração com a Native Scientist.
Segundo o responsável, Patrick Rebuschat, este projeto “proporciona aos académicos de Lancaster uma oportunidade importante para refletir sobre a comunicação da ciência e sobre o seu papel no aumento da participação e [uma oportunidade] para partilhar conhecimentos com uma organização única de divulgação científica que inspira crianças e adolescentes migrantes em toda a Europa a estudar disciplinas CTEM e a desenvolver a proficiência nas suas línguas nativas”.
