Populares saquearam na segunda-feira mais de duas dezenas de lojas nas localidades de Guasipati e El Callao, no estado venezuelano de Bolívar, em protesto por comerciantes terem deixado de aceitar algumas notas de bolívares, a moeda local.
Os incidentes ocorreram uma semana depois de a população de San Félix e Puerto Ordáz ter protestado por os comerciantes e condutores de autocarros deixarem de aceitar as notas de 50.000 bolívares soberanos (BsS), equivalentes a 0,013 euros, à taxa oficial atual.
“Temos um número não confirmado de 18 estabelecimentos saqueados em Guasipati. De El Callao, informaram-nos de uma situação irregular e contam-nos que houve saques”, explicou o vice-presidente do Conselho Nacional de Comércio (Consecomércio) aos jornalistas.
Por outro lado, explicou que os motoristas – que, na Venezuela, são proprietários dos autocarros e cobram eles mesmos as viagens – deixaram de aceitar as notas de 50.000 e a população foi surpreendida quando os comerciantes as recusaram.
A maior parte dos estabelecimentos comerciais afetados estão situados nas proximidades do mercado municipal de Roscio, em Guasipati.
Segundo o jornal Correo del Caroní, a população abriu buracos nas paredes para entrar em vários estabelecimentos, depois de não terem conseguido passar pelas portas metálicas e grades de segurança.
Entretanto, em Cidade Guayana, a população local teve na segunda-feira problemas com os autocarros de passageiros, devido a dificuldades com o abastecimento de gasóleo.
Alguns motoristas explicaram aos jornalistas que mais de 100 autocarros ficaram parados por falta de combustível e que a população, quando paga com notas de alto valor, não aceita receber o troco em notas de 50.000 bolívares.
Segundo o vice-presidente do Conselho Nacional de Comércio, parte da situação deve-se às minas no sul do estado de Bolívar (sudeste do país), já que os mineiros decidem que notas vão ser usadas nessas zonas e no comércio local.
Recentemente, o Governo venezuelano colocou em circulação notas de 200.000, 500.000 e 1.000.000 de BsS (0,053, 0,134 e 0,269 euros, respetivamente), que são procuradas pelos mineiros para comercializar o ouro que extraem das minas artesanais, evitando transportar grandes quantidades de notas de 50.000 BsS (0,013 euros).