A memória de um produto que há algumas décadas fazia furor em Paris não se perdeu, ao contrário da restante produção nacional de ostras.
No século XIX, o estuário do Tejo era o maior banco natural de ostras da Europa e o estuário do Sado não lhe ficava muito atrás. Os mercados francês e inglês absorviam a maior parte da produção. Portugal chegou a exportar mais de 7 000 toneladas por mês.
Até meados do sec XX, a ostra setubalense chegou a empregar 4 000 pessoas na época da apanha, originando inclusive a formação de localidades, como é o caso do Faralhão. O progresso permitiu a implantação de estaleiros navais no Tejo e no Sado.
Ironicamente, estes estaleiros foram os responsáveis pela destruição das colónias de moluscos dos dois rios, incluindo as ostras. As tintas “antivegetativas” utilizadas nos casos dos navios continham um composto nocivo para a vida marinha.
Na atualidade, as ostras do Sado, estão a ressurgir graças a uma parceria da Universidade Nova de Lisboa com uma empresa de aquicultura. O projeto desenvolvido utiliza as capacidades biofiltrantes das ostras para conduzir a produção de forma sustentada.
As águas do Sado são tão ricas em nutrientes que em apenas oito meses as ostras de aquicultura atingem o tamanho comercial, processo que em França demora dois anos. Este processo permite que “Les Portugaises”, nome com que as ostras estão registadas, voltem a ter o sabor e a textura que tantos consumidores cativou por todo o mundo.
































