Mais eleitores, alteração nos círculos eleitorais, número recorde de partidos políticos a participarem, uma forte aposta no voto da emigração, mais debates e menos propaganda são, para já, traços distintivos que marcam as próximas eleições legislativas de 6 de outubro.
O atual Governo fez uma aposta clara no reforço dos direitos políticos dos emigrantes e aprovou um quadro legislativo que permitiu, desde logo, aumentar o número destes inscritos nos cadernos eleitorais. De acordo com os dados oficiais e em relação a 2015, só nos círculos da Europa e de Fora da Europa, o número de eleitores aumentou de 78.253 para 895.515 e de 164.273 para 570.435, respetivamente.
Se aliarmos este facto ao que parece ser uma forte aposta, principalmente das principais forças políticas, em relação a estes círculos eleitorais, tudo isto poderá representar o despertar de uma nova visão sobre a importância dos nossos emigrantes e o apoio e respeito que merecem.
Basta olhar, por exemplo, para as candidaturas do ministro Santos Silva, no Círculo Fora da Europa, e da deputada comunista Rita Rato, no da Europa, círculos onde tradicionalmente apenas PS e PSD elegem deputados. E, mesmo assim, nas legislativas de 2015, o PS foi apenas a terceira força política mais votada no Círculo Fora da Europa, conquistando 10,83% dos votos e ficando atrás do Nós Cidadãos, que teve 17,90%. As eleições foram ganhas pela coligação PSD/CDS-PP com 48,46% dos votos, que conquistou três mandatos.
A escolha do atual ministro dos Negócios Estrangeiros, Santos Silva, figura destacada da hierarquia socialista e do Governo e que habitualmente concorria pelo círculo do Porto, é, assim, vista como uma aposta dos socialistas para conquistarem ao PSD um dos dois mandatos em disputa.
Já o Partido Social Democrata volta a apostar no veterano deputado pela emigração, José Cesário. Deputado desde 1983, primeiro pelo círculo de Viseu e depois por Fora da Europa, José Cesário foi ainda secretário de Estado das Comunidades e da Administração Local em governos social-democratas.
A lista do CDS-PP é liderada por Gonçalo Nuno Santos, antigo diretor do Centro das Comunidades Madeirenses e ex-deputado social-democrata por este círculo na IX e X legislaturas.
A Coligação Democrática Unitária (CDU) tem como cabeça-de-lista por este círculo Dulce Kurtenbach, 72 anos, professora aposentada da Universidade de Zhoukou, na região chinesa de Henan, e membro da Organização da Emigração do Partido Comunista Português.
Já no Círculo da Europa, a candidatura como cabeça de lista pela CDU da atual deputada do PCP, Rita Rato, membro da Direção Regional de Lisboa do partido e eleita deputada desde 2009, constitui novidade e representa a grande aposta comunista nesta circunscrição.
Rita Rato terá como número dois na lista Sebastião Viola, 41 anos, médico psiquiatra e psicanalista em Cardiff, no Reino Unido.
PS e PSD, que partilham atualmente os dois lugares em disputa, repetem as apostas nos respetivos deputados.
Paulo Pisco, que representa este círculo há três legislaturas consecutivas, lidera a lista socialista, que apresenta em segundo lugar Nathalie Oliveira, autarca lusodescendente na cidade francesa de Metz.
O candidato e atual deputado é o coordenador dos deputados socialistas na Comissão dos Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas e assumiu recentemente funções relevantes na área das migrações no âmbito da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa.
Pelo PSD concorre o deputado Carlos Gonçalves, residente em Paris, e que representa os emigrantes da Europa desde 2002, tendo ocupado também o cargo de secretário de Estado das Comunidades no XVI Governo Constitucional liderado por Pedro Santana Lopes.
Carlos Gonçalves terá como número dois da lista Vitor Alves Gomes, gestor de programas da Comissão Europeia e residente na Bélgica.
A cabeça-de-lista do CDS-PP é Melissa Silva, 28 anos, filha de emigrantes portugueses residentes em Paris e formada em comunicação, relações públicas e publicidade.
Pelo Partido Aliança, fundado por Pedro Santana Lopes e estreante nestas eleições, a lista é encabeçada por António Marques da Costa, natural de Guimarães e residente no Mónaco. A candidata número dois é Sandra Gonçalves Marques, que esteve emigrada 7 anos em Gross Umstadt, uma pequena vila perto de Frankfurt, com uma comunidade de emigrantes portugueses muito forte.
A PORT.COM falou com os candidatos pelos círculos da Europa e Fora da Europa dos principais partidos políticos sobre as suas propostas para a emigração e o que poderiam esperar os emigrantes da sua eleição como deputados. Na edição de outubro pode conhecer as principais ideias, exceção feita ao Bloco de Esquerda o que, em última análise, acaba por relevar o seu interesse nestes círculos eleitorais.
Leia o artigo na íntegra aqui.
































