É desta que Boris sai mesmo. O ainda primeiro-ministro britânico não sobreviveu ao efeito dominó de demissões no seio do seu próprio governo, em rota de colisão com o que chamaram de falta de integridade no topo do poder.
“É claramente a vontade dos deputados do Partido Conservador que haja um novo líder e, portanto, um novo primeiro-ministro. Juntamente com Sir Graham Brady, o líder da nossa bancada parlamentar, decidimos que esse processo deve começar agora. Em política, ninguém é insubstituível. O nosso sistema, que é brilhante e darwinista, vai produzir um novo líder igualmente empenhado em levar este país para a frente neste período tão difícil”, declarou frente a Downing Street.
Ou seja, Johnson só pretende deixar o governo quando o próximo líder conservador estiver escolhido e isso poderá acontecer só no congresso de outubro.
O primeiro-ministro britânico defendeu esta quinta-feira, numa reunião do Governo, que as “grandes decisões orçamentais” devem ser deixadas ao sucessor, revelou o seu gabinete horas depois de Boris Johnson ter anunciado a demissão.
Segundo o comunicado do conselho de ministros, divulgada por Downing Street, Johnson disse que não pretende adotar novas políticas importantes ou mudanças de rumo antes de deixar a chefia do executivo.
“Ele disse que as grandes decisões orçamentais devem ser deixadas ao próximo primeiro-ministro”, de acordo com o comunicado, citado pela agência francesa AFP.
O executivo “irá agora concentrar-se na agenda” que levou à sua eleição, em 2019.
Também terá como prioridade “certificar-se de que o Governo está do lado do povo, dos custos energéticos, dos transportes e da habitação e de todas as questões que lhe dizem respeito”.
O sucessor de Johnson herdará questões económicas como a inflação a níveis recorde, o risco de recessão e as consequências da saída do Reino Unido da União Europeia (UE).
A nível interno, terá também de lidar com pedidos de elementos do próprio partido para reduzir impostos cobrados a indivíduos e a empresas, após um recente aumento das contribuições para a segurança social e um aumento planeado do imposto sobre as empresas no próximo ano.
O novo primeiro-ministro terá ainda de lidar com as consequências económicas da guerra na Ucrânia e a relação com a Rússia, que iniciou o conflito ao invadir o país vizinho em 24 de fevereiro.
Boris Johnson, 58 anos, anunciou esta quinta-feira a demissão da liderança do Partido Conservador, mas disse que permanecerá como primeiro-ministro até ser substituído na chefia do partido.
“É claramente a vontade do Partido Conservador que haja um novo líder e, portanto, um novo primeiro-ministro”, disse Johnson, numa declaração ao país.
A demissão do líder conservador ocorreu após a saída de dezenas de membros do seu executivo nas últimas 48 horas.
No comunicado divulgado hoje à tarde, também citado pela agência espanhola EFE, o gabinete do primeiro-ministro disse que Johnson abriu a reunião dando as boas-vindas “aos que regressavam e aos que se juntavam a ele pela primeira vez”.
Trata-se de uma referência aos ministros que Johnson nomeou hoje, antes mesmo de anunciar a demissão da liderança do Partido Conservador.