“Estou seriamente preocupado com a governação PS”, começou por dizer, destacando que “o PSD conta com a força dos seus autarcas e com a sua capacidade de ouvir e falar com as populações para defenderem as suas políticas alternativas à governação socialista”.
Falando aos autarcas do partido e remetendo a Luís Montenegro, o antigo Presidente da República referiu que o presidente do partido “tem identificado muito bem o seu adversário político – o PS e o seu Governo”.
“Foi o PS [Partido Socialista] e o seu Governo que colocaram o país nesta trajetória de empobrecimento e de profunda degradação da situação política nacional”, atirou, acrescentando que “é no governo socialista que o PSD deve centrar a sua atenção”.
Na ótica de Cavaco Silva, o PSD “não deve dispersar a sua energia com outros partidos nem responder às provocações que deles possam vir”. “O PSD é inequivocamente a única verdadeira alternativa credível ao poder”, frisou.
“Em princípio, a atual legislatura termina em 2026. Mas às vezes os primeiros-ministros, em resultado de uma reflexão sobre a situação do país ou de um rebate de consciência, decidem apresentar a sua demissão e têm lugar eleições antecipadas – foi isso que aconteceu em março de 2011”, afirmou o também antigo primeiro-ministro do PSD, instando António Costa a demitir-se.
Sobre o que descreveu como “uma situação de salários baixos e pensões de reforma que não permitem uma vida digna”, destacando ainda haver “um empobrecimento da classe média e má qualidade dos serviços públicos”, o social-democrata considerou serem “o resultado das políticas erradas do Governo – da sua desarticulação e desnorte, da falta de rumo e visão estratégica”.
“O primeiro-ministro [António Costa] perdeu a autoridade e não desempenha as competências que a Constituição lhe atribui”, salientou Cavaco, argumentando que “dirigir o funcionamento do Governo e a política geral do executivo” foram esquecidas pelos analistas políticos.
Reforçando que o PSD tem apresentado políticas alternativas ao partido socialista “que é algo muito raro em partidos de oposição”, o antigo chefe de Estado afincou ainda que “o PSD não deve ir a reboque de moções de censura apresentados por outros partidos mais preocupados a ser notícia na comunicação social”.
Apelidando a governação socialista de “desastrosa”, Cavaco Silva referiu como essencial “resgatar o debate político em Portugal” por ser importante em democracia. “Os partidos políticos não devem ser inimigos uns dos outros, mas sim adversários que devem ser respeitados”, rematou.
O 3.º encontro dos ASD, com o tema ‘Autarquias que futuro’, realizou-se, este domingo, em Lisboa, e contou também com intervenções do Presidente do Partido Social Democrata, Luís Montenegro, e dos independentes Rui Moreira e Isaltino Morais.