A cimeira União Europeia – Índia foi “um sucesso”, concluiu o primeiro-ministro de Portugal, António Costa, resumindo a primeira reunião entre os líderes dos “27” com o chefe de Governo indiano Narendra Modi, que participou à distância devido ao agravamento da epidemia no país.
Este foi, aliás, um dia trágico para a Índia, que pela primeira vez ultrapassou a fasquia dos 4 mil mortos registados em 24 horas no quadro da Covid-19.
A Índia é o segundo país mais afetado do mundo pela pandemia, somando agora um total de quase 22 milhões de casos (mais 401.078 do que na sexta-feira), incluindo 238.270 óbitos (mais 4.197). Só os Estados Unidos (580 mil) e o Brasil (419 mil) sofreram mais fatalidades associadas ao SARS-CoV-2 que a Índia. Os números reais da epidemia na Índia podem ser superiores aos oficiais devido à dificuldade de monitorizar as infeções no país.
A propagação do SARS-CoV-2 pelo mundo voltou a ser, sem surpresa, um dos temas fortes debatidos pelos líderes nas diversas reuniões realizadas este sábado, no Porto, incluindo um Conselho Europeu informal e a cimeira com a Índia.
O Presidente do Conselho Europeu sublinhou que “a União Europeia se mantém totalmente solidária com a Índia neste momento crítico”. “Já ativámos o mecanismo de ajuda e estamos prontos a disponibilizar mais apoio”, garantiu o belga Charles Michel.
O primeiro-ministro indiano agradeceu aos líderes europeus pelo seu “continuado compromisso de reforçar a relação com a Índia” e, em particular, ao “amigo” António Costa “pela iniciativa e por ter dado grande prioridade à Índia durante a presidência portuguesa do Conselho da UE”
A nossa colaboração é essencial para travar a pandemia de Covid-19 e garantir a sustentabilidade e a recuperação inclusiva num mundo mais digital e verde. “A nossa forte parceria é essencial para alcançar a paz e a prosperidade para os nossos povos.
“Saudamos a retoma das negociações para Acordos de Comércio e Investimento, assim como a nossa nova Parceria de Conetividade.
O primeiro-ministro de Portugal também sublinhou a abertura das portas europeias à Índia.
“As negociações que estavam congeladas desde 2013 vão ser retomadas. As portas ficam abertas para acordos com a Índia ao nível comercial e dos investimentos”, afirmou António Costa, resumindo a primeira reunião realizada entre os líderes dos Estados-membros da UE e o primeiro-ministro Narendra Modi.
Já a Presidente da Comissão Europeia considerou ter sido “uma cimeira notável, porque se alargou o alcance da relação” com a Índia de uma forma “excelente, histórica e impressionante”.
As bases da negociação futura com a Índia vão desenrolar-se a vários níveis, incluindo ainda, para além do comércio, do investimento e da conetividade, o respeito pelos direitos humanos, o multilateralismo, a cooperação científica e tecnológica, a migração e a mobilidade, a reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas, a abertura do espaço Indo-Pacífico e o combate às alterações climáticas.
“Apesar de ter objetivos ambiciosos na energia renovável, a Índia também deve comprometer-se a conseguir a neutralidade climática e eliminar os combustíveis fósseis. O mundo precisa que a Índia assuma compromissos ambiciosos antes da COP26”, escreveu Ursula von der Leyen nas redes sociais.
O dia ficou também marcado pelas decisões tomadas num Conselho Europeu informal, onde foi debatida a implementação do Pilar Europeu dos Direitos Sociais, a nível europeu e nacional, e o apoio a dar aos jovens afetados pela crise da Covid-19.
A Presidente da Comissão Europeia enalteceu também o trabalho efetuado na concretização do certificado de vacinação que permitirá uma mobilidade em maior segurança no espaço europeu.
Estou satisfeita por poder anunciar que o trabalho legal e técnico sobre o certificado de viagem da União Europeia, o certificado de vacinação, está no bom caminho para estar operacional em junho. “Queremos que os europeus desfrutem de um verão seguro e descontraído, mas não devemos descurar os esforços de vacinação em curso. Vamos abrir (a economia) de forma cautelosa e coordenada.
As conclusões deste fim de semana de trabalho das instituições europeias no Porto surgiram horas depois de ter sido anunciado o novo contrato da UE com a Pfizer/BioNTech para a aquisição de mais 1,8 mil milhões de doses de vacina até 2023, sendo metade para já apenas opcionais.
“Estamos a reforçar a nossa preparação para os próximos anos. A Europa vai manter-se aberta. Vamos continuar a exportar vacinas porque a vacinação é a saída mais duradoura desta pandemia global”, disse Ursula von der Leyen.