O deputado Paulo Porto, agora como adjunto na Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas, diz que o assunto não pode voltar à “estaca zero”.
Nesta fase em que o novo elenco governativo português dá ainda os primeiros passos, funcionários da rede diplomática portuguesa no Brasil expõem o “drama” de muitos, que continuam sem solução sobre os salários congelados, pagos pelo valor do câmbio fixado em 2013. Teme-se que, na nova formação do Governo, o assunto volte à estaca zero e novamente o prejuízo recaia sobre estes funcionários.
Num artigo publicado recentemente pelo jornal brasileiro Mundo Lusíada foi referido que “o assunto estava a ser tratado”, tendo sido inclusivamente divulgada pela publicação uma reunião no consulado português do Rio de Janeiro, mas, ao que parece “o assunto não avançou”.
Entretanto, o Brasil atravessa um cenário de inflação galopante, causada principalmente pela escalada do valor dos combustíveis, um problema que acarreta um efeito dominó em toda a economia do país, com aumentos em todos os serviços e produtos, encarecendo ainda mais o custo de vida. Para os funcionários com salários congelados “é uma situação desesperante” que irá, mais cedo ou mais tarde, significar uma paragem geral dos serviços.
Em declarações ao Mundo Lusíada, um dos funcionários explicou que a situação no Brasil, que já era muito difícil, “agravou-se muitíssimo” com a subida do custo de vida causada principalmente pelo aumento dos combustíveis e dos alimentos.
Apesar de cientes da situação, que é de transição de governo, “os funcionários não podem ser deixados de lado, nem pelos governantes, especialmente pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, nem pelo Sindicato que os representa”, diz a mesma fonte.
Questionado pelo Mundo Lusíada, sobre se o assunto corria o risco de voltar à “estaca zero”, o agora ex-deputado Paulo Porto (PS) confirmou que a ex-secretária de Estado das Comunidades, “Berta Nunes, já transmitiu as devidas informações ao novo SECP, Paulo Cafôfo, “sobre o andamento das negociações”, precisamente para não voltar à estaca zero, garantiu.
De acordo com o Partido Socialista, este foi um problema criado em 2013 pelo PSD que, à época, sugeriu o congelamento dos salários por causa da crise económica, e até hoje ninguém encontrou solução para um problema que afetou até o atendimento aos cidadãos, “já que os funcionários trabalham totalmente desmotivados”, conforme fontes de Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo, citadas pelo Mundo Lusíada.
Em novembro de 2021, este jornal publicou uma carta assinada pelo funcionário Assistente Técnico Valdeir Pinto Carvalho, do Consulado de Portugal no Rio de Janeiro, quando, naquela altura, falou da situação “desumana” que ele e vários colegas estavam a passar. Ao que tudo indica, “a carta divulgada também não sensibilizou os responsáveis”.
Hoje o poder de compra destes funcionários está em níveis alarmantes, com pessoas sem plano de saúde, sem veículos próprios, sem escolas adequadas para os filhos, sem condições sequer de pagar casa e alimentação, e pedem o empenho e atenção de políticos, de sindicatos, de responsáveis pela Rede Diplomática e até da imprensa para expor a situação que consideram “desumana”.