Corria o ano de 1987 quando Norberto Andrade, então com 24 anos, foi sentenciado a prisão perpétua por violar uma jovem de 19 anos em Pawtucket, no estado norte-americano de Rhode Island. Agora, com 61 anos, depois de quase quatro décadas atrás das grades, o avanço da tecnologia de recolha e análise de ADN pode significar a prova contundente de que Andrade, afinal, é inocente.
De acordo com o jornal norte-americano The Providence Journal, há décadas que o português alegava inocência, mas só agora é que os tribunais terão, afinal, provas de que não foi ele, efetivamente, quem violou aquela jovem na avenida Abbott, a 3 de agosto de 1985.
A 3 de janeiro deste ano, um teste de ADN realizado pelo Departamento de Saúde do estado mostrou que as provas retiradas da unha da vítima após o ataque não poderiam, afinal, ter vindo de Andrade.
“O meu cliente sempre manteve a sua inocência e ele é inocente dessas acusações”, disse a sua advogada, Stefanie Murphy, a 5 de janeiro perante o juiz da Corte Superior, Robert D. Krause. “Ele quer levar este caso até o fim e ser exonerado dessas acusações”, continuou.
O estado ainda está a avaliar os resultados, tendo já entrado em contacto com a mulher que foi atacada, revelou a procuradora-geral adjunta Judy Davis ao tribunal, citada pelo jornal.
“Concordamos que há potencial para uma ilibação aqui. No entanto, até que ponto isso afeta o caso, precisamos de analisar muito mais profundamente e, obviamente, precisamos de tempo para fazer isso”, disse Davis.
“Como esses resultados de ADN foram recebidos recentemente, ainda estamos no processo de revisão, juntamente com a totalidade das evidências”, disse, por sua vez, Brian Hodge, porta-voz do gabinete do procurador-geral Peter F. Neronha.
“A investigação mostrou que eles não tinham a tecnologia de ADN naquela época”, disse Michael J. Zarrella, um dos advogados que representou Andrade ao longo dos anos, sobre a década de 1980. “Eu queria o ADN. Comecei a minha busca para encontrar tudo.”
Zarrella alega que o procurador, Davis, fez vários pedidos de evidências de ADN ao Departamento de Saúde do estado, mas esses esforços mostraram-se infrutíferos.
Agora, cabe à Justiça norte-americana reavaliar o caso e decidir se esta incongruência é, ou não, suficiente para libertar o português.