A “TGF Monitor” acaba de ser selecionada para ir para o espaço a bordo do Space Rider, o primeiro veículo espacial reutilizável da Agência Espacial Europeia (ESA).
A experiência científica, liderada pela Universidade Coimbra (UC) em colaboração com a Universidade da Beira Interior, integra um sistema de deteção de telureto de cádmio (CdTe) pixelizado para raios gama e com capacidades polarimétricas, e promete “abrir novos horizontes tecnológicos e científicos”, diz a UC em comunicado.
A equipa é coordenada por Rui Curado Silva, docente do Departamento de Física da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC (FCTUC), e tem a participação do Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas (LIP), da Universidade da Beira Interior (UBI) e das empresas Active Space Technologies (Coimbra) e Advacam (Praga, República Checa).
Se for bem-sucedida, a “TGF Monitor” irá contribuir para “estabelecer os detetores de CdTe como uma tecnologia com aplicações que vão da astrofísica à segurança da aviação, e realizará novas medições científicas, em particular as relacionadas com flashes de raios gama terrestres (Terrestrial gamma-ray flashes, TGF), lê-se na nota.
Os TGF, explica Rui Silva, “são emitidos por nuvens cumulonimbus (nuvens com grande desenvolvimento vertical associadas a sistemas de trovoadas) e são uma preocupação para a saúde e a segurança de tripulações e passageiros de aeronaves”.
A monitoração das emissões de TGF e avaliação do potencial dos detetores de CdTe pixelizados como monitores de TGF a bordo de aeronaves também faz parte da experiência. “A sua utilização como alerta e para a caracterização da magnitude da emissão poderia ser uma valiosa contribuição para a segurança da aviação”, refere o investigador.
O Space Rider vai ser lançado de Kourou (Guiana Francesa) em 2024 a bordo de um foguetão Veja e estará em órbita dois meses numa órbita terrestre baixa equatorial. A experiência TGF Monitor ficará exposta ao ambiente de radiação espacial e apontará para o espaço, “permitindo registar as emissões de raios gama, por exemplo da Nebulosa do Caranguejo, e também para a Terra, registando TGF”, adianta.
No final da missão, o Space Rider vai aterrar em Kourou ou no aeroporto da ilha de Santa Maria, nos Açores. A experiência será então recuperada e analisada.
Além de Rui Curado Silva, a equipa é constituída pelos investigadores Jorge M. Maia, José Sousa, Joana Mingacho, Pedro Póvoa, Joana Gonçalves, Gabriel Falcão, Gabriel Salgado e Miguel Moita. Da parte das empresas, a equipa é composta por Filipe Castanheira, Frederico Teixeira, Henrique Neves e Sara Freitas, da Active Space Technologies, Carlos Granja, Jiri Sestak e Jan Jakubek (Advacam).