Depois de adiada por um ano, devido à pandemia, a Expo Dubai abriu portas, com forte representação de Portugal. A maior feira mundial, realizada pela primeira vez no Médio Oriente, junta expositores de cerca de 200 países e conta com a presença de todas as nações de língua portuguesa.
O Pavilhão de Portugal, concebido em forma da caravela como “símbolo máximo” de ligação entre Portugal e o mundo, está dividido em vários espaços: no piso térreo há uma zona de espetáculos, a loja Portugal Concept Store, com produtos de 40 empresas portuguesas, uma cafetaria e também a área protocolar. No primeiro piso está “o percurso expositivo, com uma área de espetáculo multimédia imersivo”. Por fim, no segundo piso, fica o restaurante Al-Lusitano, que tem um terraço voltado para o Jubilee Park, e um espaço multiusos, “que pode assumir várias configurações, com a vantagem de se estender” para o exterior.
Luís Castro Henriques, presidente AICEP (Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal), responsável pela participação portuguesa, e comissário-geral para a Expo 2020, diz que Portugal está no Dubai para se apresentar como “um país diverso e inclusivo, que sempre levou a sua cultura e acolheu outras, que outrora conectou o mundo pelos mares e que é, como sempre foi, aberto ao mundo”.
Em entrevista ao Jornal Público, o comissário adiantou que quer no Pavilhão de Portugal, quer através da programação cultural e económica, “pretendemos mostrar o que temos de melhor: dos nossos destinos turísticos à cultura, da ciência ao empreendedorismo, da inovação à gastronomia, passando pelas energias renováveis, moda e joalharia ou design. E, claro, colocar a tónica no elo que tudo liga: o talento”. Para o responsável, a Expo 2020 será “a montra perfeita para promover a imagem externa de Portugal”.
A programação oficial do Pavilhão de Portugal contempla, “além da natural componente cultural”, com destaque para o Festival da Lusofonia, com músicos portugueses e dos PALOP, uma aposta muito forte “na vertente económica”. “Teremos semanas temáticas a destacar vários sectores que consideramos potencialmente geradores de negócio e de relevo para apresentar nesta região do mundo: IT & Startups, Casa e Design, Moda e Joalharia, Saúde e Lazer, Agro-alimentar, Energia e Ambiente e Indústrias Culturais e Criativas. Nestas semanas estão previstas mostras de produtos, exposições e outros eventos com o objetivo de promover o que de melhor se faz em Portugal”, adianta Luis Castro Henriques.
Os pavilhões da Lusofonia
A exposição, que arrancou no passado dia 1 de outubro, conta nesta edição com a representação de todos os países de língua oficial portuguesa.
Angola investiu num pavilhão de grandes dimensões, em abóbada, que “traz uma experiência imersiva e leva os visitantes a conhecer o passado e a vislumbrar o futuro do país sul-africano. Há ainda uma praça com um palco onde, ao longo da Expo 2020, serão feitas apresentações artísticas.
“O que nos interessa nesta exposição é, primeiro, a nossa ligação com o mundo, contactar outras culturas, adquirir outras experiências, quer no sentido de boas tecnologias, de boas práticas, quer no sentido de relações económicas internacionais. Temos como objetivo mostrar o que é o nosso país em termos de um país aberto ao investimento, com uma área agrícola cultivável grande”, explicou a comissária-geral de Angola para a Expo 2020, Albina Assis.
Os restantes países lusófonos estão presentes em pavilhões coletivos, edifícios que reúnem espaços de diferentes nações, como é o caso de Timor-Leste, que trouxe para a feira internacional réplicas de embarcações e construções tradicionais, além de uma delegação de 14 pessoas, com vestimentas tradicionais. Aqui o português é compreendido, mas não tanto falado, já que a língua mais falada é o tetum.
Segundo o vice-diretor do pavilhão timorense, Edson Robert, o país quer aproveitar a Expo 2020 para se apresentar ao mundo, já que é um país relativamente recente, com apenas 19 anos de independência.
Cabo Verde pretende demonstrar, nesta feira, que a possibilidade de financiamento de projetos e negócios em Cabo Verde é bastante ampla, em setores como turismo e hotelaria. Em declarações à imprensa, Luhena de Sá, diretora deste pavilhão, refere que o objetivo passa por mostrar “aquilo que é cultura do nosso povo, desde artesanato, tapeçarias, artes plásticas até a música antiga e recente dos artistas que temos atualmente”.
Tal como Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, veio para mostrar a sua cultura, com fotos da fauna, flora e paisagens, para além dos produtos típicos, alguns, à venda para os visitantes que quiserem levar para casa um pouco deste país africano.
Na mostra da Guiné-Bissau, também é possível encontrar artesanato e vestimentas tradicionais do país, assim como em Moçambique, que expõe ainda uma galeria de imagens de algumas das suas personalidades mais icónicas, como o jogador de futebol Eusébio ou o poeta Mia Couto.
A estrutura do pavilhão brasileiro, que tem a forma de um imenso cubo branco, representou um investimento de 25 milhões de dólares americanos (cerca de 22 milhões de euros).
“Ainda não é possível adiantar quanto custará a operação deste pavilhão, que também funcionará como um espaço para receber autoridades governamentais e empresas brasileiras”, adiantam os promotores. Para alem da lamina d’água, a principal atracão deste espaço, a instalação conta com um salão de exposições, “que neste momento apresenta uma mostra de fotos do Brasil”, promovida pela Embratur, a empresa estatal de promoção do turismo do país.
A exposição universal espera atrair, até 30 de março do próximo ano (data de encerramento do evento), cerca de 25 milhões de visitantes.