O presidente dos encarnados anunciou a sua recandidatura ao final da tarde de quarta-feira e anunciou que, se vencer as eleições, este será o seu último mandato enquanto presidente do Benfica.
“Tenho 71 anos, tenho a quarta classe, não falo inglês. Estou aqui para anunciar que me recandidato à presidência do Benfica e também para dizer que este será o meu último mandato”, anunciou Luís Filipe Vieira, presidente do clube encarnado desde 2003.
“Sempre trabalhei para unir os benfiquistas porque acho que só assim podemos continuar a crescer e a ter futuro. Esta candidatura tem um passado, uma história, mas acima de tudo, tem futuro. E é só por isso que aqui estou. Nos próximos quatro anos continuaremos a crescer, a inovar, a ser pioneiros em muitas áreas, mas serão quatro anos em que o principal foco será a vertente desportiva”, afirmou.
O dirigente explicou que o próximo mandato será a “base e ponto de partida” para superar aquilo que foi feito “na última década” — “o que fizemos foi extraordinário”. Como exemplo, reforçou nos últimos dez anos o clube viveu o melhor período de sempre a nível financeiro, a melhor década de sempre das modalidades.
“Foi uma década em que reforçámos o nosso prestígio internacional, a nossa credibilidade, em que nos afirmamos como um dos melhores clubes a nível mundial. Uma década que tivemos contas positivas em sete, repito, sete anos. Sempre. É isto que quero que o Benfica supere na próxima década e é para isso que eu vou trabalhar no meu último mandato”, afirmou o presidente encarnado.
Além do atual presidente e do já anunciado candidato João Noronha Lopes, também Bruno Costa Carvalho e Rui Gomes da Silva já manifestaram a intenção de se candidatarem. E o atual presidente em exercício não deixou de ter uma palavra sobre a situação.
“Pela primeira vez em muitos anos há vários candidatos. É algo que deve ser saudado porque mostra a vitalidade do Sport Lisboa e Benfica, e reforça as garantias relativamente ao futuro do clube. No entanto, gostaria de expressar o meu desejo para que a campanha decorra de forma positiva. Uma campanha de propostas, de ideias, uma campanha construtiva. É esse o caminho que eu vou seguir. Espero que os restantes candidatos também o sigam”, disse Luís Filipe Vieira.
O dirigente encarnado diz que não esquece as críticas (“elas fazem parte do percurso e quando sérias devem de ser ouvidas”), mas realça que quem está à frente de uma instituição “com a grandeza” do Benfica, também erra em algumas decisões — sendo que o próprio não foge a essa regra e não é exceção. “Errei. Errei porque sou humano. Errei porque quem decide não acerta sempre. Aliás, só acerta sempre aqueles que nada decidem. Por isso, a primeira grande garantia que quero aqui deixar: estou disponível para ouvir, acolher as boas ideias venham elas de onde virem. As boas propostas têm sempre porta aberta e cabem nos próximos quatro anos do Benfica como couberam nos últimos 17”, frisou.
Luís Filipe Vieira salientou que os candidatos à presidência do clube não podem passar os próximos 30 dias a “deitar abaixo”, a “desvalorizar o trabalho feito”, a “criticar tudo e todos”. Isto porque quem só “critica, não consegue construir”.
“Criticam as compras, criticam as vendas, criticam o equipamento, a falta de transparência nas contas, a democracia do clube, o voto eletrónico, a Benfica TV. Criticam, criticam, criticam. Não pode ser. Porque estas críticas não atingem apenas o presidente do Benfica: atingem o Benfica, enquanto instituição, e o todo o trabalho realizado nos últimos 20 anos. E é por isso que eu não o posso admitir”, reiterou.
O presidente do SLB enfatizou também que o Benfica é, “do ponto de vista financeiro”, o clube português mais saudável e aquele que está mais “bem preparado” para enfrentar as dificuldades financeiras nos próximos anos. Anos que, salienta, não serão “nada fáceis”. Todavia, deu conta que já esteve à frente do destino do clube em “anos mais exigentes”, nomeadamente quando chegou ao clube.
Numas “notas finais”, Luís Filipe Vieira acrescentou que o clube pertence aos sócios (“foi deles que recebi o mandato para liderar o Benfica nos últimos 17 anos”). No entanto, quando ganhou as eleições em 2003 e assumiu o primeiro mandato, “o clube pertencia aos credores”.
“Foi comigo que se devolveu o clube aos sócios. Estou aqui e conto continuar a estar pelo voto dos benfiquistas”, disse, dando conta que estará disponível para debater as ideias da sua candidatura com eles porque é assim que “deve de ser”, pois são os sócios “que devem ser esclarecidos”, reiterando que todos os candidatos podem e devem fazê-lo.