Uma ativista comunitária no Canadá alerta para a necessidade dos lusodescendentes em Montreal de «redefinirem o seu papel no seio das instituições comunitárias utilizando os recursos das primeiras gerações».
“Em contexto minoritário, porque a imigração hoje é menor, devíamos aproveitar as coisas boas que temos e que as pessoas das primeira e segunda gerações construíram e devemos tentar dar uma certa modernidade com os desafios atuais”, disse à Lusa Joaquina Pires, de 64 anos.
Em Montreal desde 1966, natural do Soajo (Viana do Castelo), foi durante quase três décadas funcionária municipal de Montreal na área das relações intermunicipais.
A luso-canadiana sublinhou ainda a necessidade de os jovens “encontrarem um espaço que lhes deveria ser dado”, com as organizações a “viverem no passado”.
“Temos todo o material, ferramentas, bens materiais, ao nível mesmo de imobiliário, ou das organizações, faltam é os recursos humanos, que cada vez são mais escassos”, frisou Joaquina Pires.
Na sociedade moderna as pessoas “têm outras prioridades” com a própria comunidade a “estar mais dispensa”, existindo o desafio da modernização das próprias coletividades e de se pensar “mais coletivamente”, da própria cultura portuguesa, definindo o “legado a deixar em Montreal”.
A ativista comunitária lamentou ainda que Montreal tenha sido ao longo dos anos excluída por intermédio das autoridades portuguesas.
“Aqui em Montreal sempre fomos um pouco excluídos por todo o esforço que se faz. Só se têm um ‘tempinho’ (os responsáveis políticos), vêm a Montreal. Compreendo que o número de pessoas não justifique, mas as autoridades portuguesas deviam olhar de uma maneira favorável devido ao turismo que incutimos, pois há um grande número de canadianos do Quebeque que vão todos os anos visitar Portugal”, apelou.
A falta de funcionários consulares na cidade francófona foi outros dos problemas sinalizados por Joaquina Pires, situação que afeta negativamente todos os lusodescendentes que pretendem adquirir a nacionalidade portuguesa.
“Não é com dois funcionários no consulado (de Montreal) que se podem resolver estas situações. Eles bem tentam, mas não vejo grande progresso”, concluiu.
Calcula-se que existem cerca de 60 mil portugueses e lusodescendentes no Quebeque, a maioria está localizada na área metropolitana de Montreal.
Foto: © Reuters