Ataque nas imediações do parlamento britânico, em Londres, fez quatro mortos e vários feridos.
Francisco Lopes tem 26 anos de idade e está em Londres há 15. Ontem, ao início da tarde, quando se dirigia para a estação de metro de Westminster, foi surpreendido, no passeio da ponte, por um carro a “cerca de 25 quilómetros por hora”. O português esteve ao telefone com a TV24, onde explicou o que lhe aconteceu.
“Tive muita sorte”, afirmou, sublinhando que foi atingido pelo carro “com força”, mas que só ficou com uns cortes. “A senhora que foi atingida antes de mim está em estado crítico”, lamenta.
Francisco explica que estava “quase a chegar ao Big Ben”, dirigindo-se para a entrada da estação de metro, quando foi surpreendido pela viatura.
“Como estava mais contra o muro, não tive tempo de me desviar”, recorda, adiantando que levantou os braços, virou-se e depois só se lembra de acordar no chão.
O homem não se cansa de reiterar que foi “um afortunado” e que depois do embate perdeu os sentidos. Quando questionado sobre quando teve consciência de que tinha sido vítima de um atentado, Francisco explica que soube no hospital.
“Ninguém me dizia nada”, indicou. “Comecei a receber chamadas e mensagens dos colegas de trabalho e da minha família e só aí é que percebi que tinha estado num atentado”, explicou.
O português sublinhou que se encontra bem, tem apenas cortes na perna e na mão, decorrentes do embate com o carro.
Cinco mortos e 40 feridos
Do ataque perpetrado ao início da tarde de ontem no centro de Londres resultaram cinco mortos, confirmou a polícia.
Entre os mortos, encontra-se o autor do ataque, que acabou por ser abalado pela polícia. Uma mulher perdeu a vida vítima de atropelamento e um agente não resistiu aos ferimentos após ter sido esfaqueado pelo suspeito.
Aos quatro mortos, juntam-se ainda 40 feridos, número também confirmado pela mesma fonte policial, que admite que o ataque foi perpetrado apenas por um atacante, já abatido.
O ataque começou perto das 14H40 quando um veículo atropelou vários peões que circulavam no passeio da ponte de Westminster, junto ao Parlamento britânico.
Uma testemunha citada pela Sky News contou que o condutor abalroou peões e colidiu com um gradeamento junto ao Parlamento, entrando depois a correr pelos portões e atacado um polícia com uma faca. O suspeito foi depois alvejado pela polícia.
Quatro grandes ataques em 12 anos
Os acontecimentos ocorridos ontem perto da zona do Parlamento britânico em Londres estão a ser tratados pelas autoridades britânicas como um “ataque terrorista”. Nos últimos 12 anos, pelo menos outros três ataques ocorreram na capital britânica:
7 de julho de 2005
Naquele que foi o pior ataque na história recente de Inglaterra, quatro suicidas com ligações à rede terrorista Al-Qaida fazem explodir ao início da manhã três bombas na rede de metro de Londres e outra num autocarro público. Os atentados matam 52 pessoas. Três dos suicidas eram britânicos, de descendência paquistanesa. O quarto elemento era jamaicano.
22 de maio de 2013
O soldado Lee Rigby é morto com múltiplos cortes e quase decapitado em plena luz do dia perto do quartel onde estava destacado, localizado no bairro londrino de Woolwich. O ataque é perpetrado por Michael Adebolajo e pelo cúmplice Michael Adebowale. Os dois homens, britânicos de origem nigeriana, justificaram então o ataque como um ato de defesa do Islão. Os dois homens foram condenados a prisão perpétua.
5 de dezembro de 2015
Um taxista inspirado nos apelos do grupo extremista Estado Islâmico (EI) tenta decapitar um passageiro na estação de metro de Leytonstone, na zona leste de Londres. Muhiddin Mire, um cidadão oriundo da Somália, é enviado para um hospital psiquiátrico de alta de segurança para cumprir uma sentença de prisão perpétua. O juiz considera que Muhiddin Mire tinha sido motivado pelos acontecimentos na Síria.
O ataque ocorreu dias depois de o Parlamento britânico ter aprovado ataques aéreos britânicos contra as posições do Estado Islâmico na Síria.
22 de março de 2017
Testemunhas oculares relatam que um atacante atropelou peões na ponte de Westminster antes de o seu veículo embater na vedação junto ao edifício do Parlamento britânico. Depois, o atacante saiu do veículo empunhando uma faca, esfaqueou um polícia e foi alvejado a tiro. Segundo as últimas informações confirmadas pela Polícia Metropolitana de Londres, pelo menos cinco vítimas mortais foram confirmadas, incluindo um agente da polícia e o atacante. Outras 40 pessoas ficaram feridas, incluindo polícias.