Estão abertas as inscrições para o Green Alley Award 2020/21, que premeia as empresas europeias que criam novas tecnologias e soluções inovadoras para tornar a economia circular cada vez mais real. As startups têm até 17 de novembro de 2020 para apresentar as suas candidaturas.
Em causa está um prémio de 25 mil euros em dinheiro para o vencedor da edição deste ano, juntando-se ainda oportunidades de apoio e de networking para todos os finalistas.
O prémio está aberto a empresas sediadas na Europa com um produto, serviço ou tecnologia que ajudem a impulsionar a economia circular, a partir das tecnologias digitais, soluções de reciclagem, ou ideias para a prevenção de resíduos.
Segundo os cálculos da União Europeia (UE), através de uma maior eficiência de recursos, as empresas europeias poderiam poupar até 680 mil milhões de euros, criar 580.000 novos empregos e reduzir as emissões de carbono até 450 milhões de toneladas até 2030.
Em 2016, cerca de 2,5 mil milhões de toneladas de resíduos foram geradas por habitações e empresas em todos os estados da UE. Desse valor apenas 53,5% foram tratados em operações de reciclagem de acordo com informação da Comissão Europeia.
O Green Alley Award, foi lançado em 2014 pelo Landbell Group, um fornecedor de soluções de conformidade ambiental e química, sediado na Alemanha, que ajuda as empresas a implementar soluções de reutilização e minimização de resíduos.
Os vencedores de edições anteriores incluem a Aeropowder, uma empresa com sede no Reino Unido que cria embalagens térmicas a partir de resíduos de penas de aves, e a Sulapac, uma empresa finlandesa que criou uma palha biodegradável sem micro-plásticos.
O que é a economia circular?
Numa economia circular o valor dos produtos e materiais é mantido o máximo de tempo possível. O desperdício e a utilização de recursos são minimizados, e, quando um produto atinge o fim de vida útil, os recursos são mantidos dentro da economia de forma a serem utilizados uma e outra vez de forma a criar mais valor.
Segundo a Comissão Europeia (CE), este modelo pode criar empregos mais seguros, promover inovações que dão vantagem competitiva e proporcionam um nível de proteção para os seres humanos e o meio ambiente. Pode também fornecer aos consumidores produtos mais duradouros e inovadores que permitem maior poupança económica e uma maior qualidade de vida.
Em dezembro de 2015, o executivo europeu adotou “um pacote de economia circular” com intenção de estimular a transição da Europa para uma economia circular que impulsionaria a competitividade global, fomentaria o crescimento económico sustentável e geraria novos empregos. Este pacote de medidas foi atualizado em março de 2020 e a Comissão Europeia caracterizou-o mesmo como “um dos principais blocos de construção do Acordo Verde Europeu, a nova agenda da Europa para o crescimento sustentável”.
A Europa quer a biodiversidade no centro da recuperação económica
O novo Plano de Ação – um dos outros blocos do Acordo Verde – visa tornar a economia europeia “apta para um futuro verde”, “reforçando a competitividade ao mesmo tempo que protege o ambiente e dá novos direitos aos consumidores”. Com base no trabalho realizado desde 2015, o novo Plano centra-se na conceção e produção de uma economia circular, com o objetivo de assegurar que os recursos utilizados sejam mantidos na economia da UE durante o máximo de tempo possível.
Segundo a CE, metade das emissões totais de gases com efeito de estufa e mais de 90% da perda de biodiversidade e do stress hídrico provêm da extração e processamento de recursos. Nesse sentido, segundo os especialistas a economia circular terá benefícios líquidos positivos em termos de crescimento do PIB e de criação de emprego. Segundo os cálculos da instituição a Europa poderia aumentar o PIB em mais 0,5% até 2030 e criar cerca de 700.000 novos empregos.
“A economia atual ainda é maioritariamente linear, com apenas 12% dos materiais e recursos secundários a serem reutilizados. Muitos produtos decompõem-se facilmente não podendo ser reutilizados, reparados ou reciclados, ou são feitos apenas para uma única utilização”, afirmou Frans Timmermans, vice-presidente executivo para o Acordo Verde Europeu. Segundo Timmermans, existe um “enorme potencial a ser explorado, tanto para as empresas como para os consumidores”.
Também o comissário europeu para o Ambiente, Oceanos e Pescas, Virginijus Sinkevičius, lembrou em março deste ano que “temos apenas um Planeta Terra, e no entanto, até 2050 estaremos a consumir como se tivéssemos três”. E sublinhou a importância de fazer “da circularidade a corrente dominante nas nossas vidas”.
Segundo o comissário, para assegurar um crescimento sustentável para a UE, é necessário utilizar os recursos de uma “forma mais inteligente e mais sustentável”. “É evidente que o modelo linear de crescimento económico em que confiámos no passado já não é adequado às necessidades das sociedades modernas de hoje, num mundo globalizado. Não podemos construir o nosso futuro sobre um modelo de “fabricar – usar – dispor”, concluiu Sinkevičius.