Michel Temer, garante que não vai renunciar. “Se quiserem, derrubem-me”, atira em entrevista dada ao Folha de São Paulo.
No rescaldo da polémica que marcou a semana passada o Brasil, o país acordou esta segunda-feira com uma entrevista de Michel Temer dada ao jornal Folha de São Paulo, onde reafirma que não renunciará ao cargo de presidente do Brasil. Michel Temer, recorde-se, foi gravado numa conversa com o empresário Joesley Batista, gestor da gigante do mercado das carnes JBS.
Essa conversa, ocorrida em março, está a ser encarada como o momento em que Temer deu o seu aval ao pagamento de subornos para manter em silêncio Eduardo Cunha, o antigo presidente da Câmara dos Deputados, que se encontra detido.
Na entrevista dada ao Folha, Temer deixa bem claro que não vai renunciar, porque isso significaria “uma declaração de culpa” que defende não ter. “Se quiserem, derrubem-me”, posicionou-se, não acreditando que a polémica em causa vá interferir no julgamento da chapa (coligação) com Dilma Rousseff (quando os dois concorreram coligados em 2014 e venceram) no Tribunal Superior Eleitoral.
Um julgamento que está marcado para 6 de junho. Caso lhe seja retirada pelo Tribunal a validade dessa coligação de 2014, Temer promete recorrer.
“Usarei os meios que a legislação me autorizar usar”, indicou.
Sobre as gravações de Joesley Batista, a quem tem acusado de dizer “mentiras”, Temer defende que não cometeu prevaricação por ouvir os crimes relatados pelo empresário e não ter tomado qualquer atitude.
“Ouço muita gente, e muita gente me diz as maiores bobagens que não levo em conta. Confesso que não levei essa bobagem em conta… Ele foi levando a conversa para um ponto, as minhas respostas eram monossilábicas”, defende, reconhecendo que atendeu Batista já de noite na sua casa, fora daquilo que era a sua agenda, por pensar que queria conversar sobre as consequências da Operação Carne Fraca.
Diz ainda que a sua única culpa foi ter sido ingénuo.
“Fui ingénuo ao receber uma pessoa naquele momento”, disse, referindo-se a Joesley Batista como “empresário grampeador”. “Talvez tenha de ter mais cuidado. Bastava ter um detetor de metal para saber se ele tinha alguma coisa ou não, e não me gravaria”, atira.