A família real e o Reino Unido despediram-se este fim de semana do príncipe Filipe. O marido da rainha Isabel II morreu no dia 9 de abril, aos 99 anos, e foi sepultado este sábado, 17 de abril, na capela de São Jorge, no Castelo de Windsor.
Um momento carregado de emoções fortes, que contou com muito simbolismo.
Logo pela manhã começaram os preparativos para o funeral, com a polícia a fechar a entrada que levava ao Castelo de Windsor e Apesar de ter sido um momento privado, especialmente por causa da pandemia, os fãs da realeza não deixaram de sair à rua para mostrar o seu apoio. Dezenas de pessoas juntaram-se precisamente em frente à entrada do castelo.
O príncipe Carlos e o filho mais velho, William, foram dos primeiros a deslocarem-se para o local onde iria realizar-se o funeral, em carros separados. Depois seguiu-se a restante família.
A chegada do antigo jipe modificado pelo próprio príncipe que carregou o seu caixão foi um dos momentos mais marcantes. Tratava-se de um Land Rover Defender que foi pintado de verde militar e adaptado de forma a funcionar como um carro funerário, de acordo com as ideias e desejos do duque de Edimburgo, que planeou o funeral meticulosamente ao longo de 18 anos.
A chegada da rainha Isabel II ao recinto do Castelo de Windsor também não passou, de todo, despercebida, e depois seguiu-se o cortejo que foi ‘liderado’ pelo príncipe Carlos e a princesa Ana, filhos mais velhos de Filipe e Isabel II, que caminharam logo atrás do caixão do pai. Atrás estavam os restantes membros da família, o príncipe André e o príncipe Eduardo (também filhos da rainha e do duque), assim como os netos William e Harry (filhos do príncipe Carlos), que estavam separados pelo primo mais velho, Peter Phillips (filho da princesa Ana).
Como já tinha também sido planeado, cumpriu-se um minuto de silêncio em homenagem ao príncipe Filipe, no início do funeral. Momento que aconteceu quando o caixão foi carregado pelas escadas que conduzem à capela, onde o duque foi sepultado.
Entre as várias imagens que chegaram deste momento único, uma das que mais se destacou foi ver a rainha Isabel II sentada sozinha na capela na despedida do marido. Apesar de se ter mantido forte neste dia difícil, a postura frágil da monarca também não passou despercebida.
A emoção do filho mais velho de Filipe, o príncipe Carlos, acabou por se apoderar do herdeiro ao torno, que se mostrou em vários momentos durante a cerimónia.
Cerimónia solene em Windsor celebrou legado do marido de Isabel II
O ato solene, em escala reduzida devido à pandemia de covid-19, não teve sermão ou discursos de familiares ou amigos, tendo apenas usado da palavra o deão de Windsor e o arcebispo de Cantuária, numa intervenção com detalhes curiosos da vida do príncipe Filipe.
Entre os toques personalizados deste acontecimento fúnebre, em que se destacava a forte presença das Forças Armadas britânicas, viam-se no altar nove almofadas com as insígnias do defunto.
Entre as insígnias, medalhas e condecorações que lhe foram atribuídas pelo Reino Unido e países da Comunidade Britânica de Nações (Commonwealth), estavam a da Real Força Aérea, da qual era marechal, e as das casas reais da Dinamarca e da Grécia, respetivamente, a Ordem do Elefante e a Ordem do Redentor, numa referência às suas origens. Filipe, nascido na ilha grega de Corfu, em junho de 1921, era príncipe da Grécia e da Dinamarca.
A Rainha Isabel II, que completa 95 anos no próximo dia 21, sentou-se isolada na capela, vestida de preto, com chapéu, e a respetiva máscara, devido ao surto pandémico.
Os convidados, nomeadamente os quatro filhos do casal, romperam com a tradição que normalmente exige o uso de uniforme militar nos funerais reais.
Uma medida adotada pela monarca para evitar, aparentemente, que seu neto Harry, 36 anos, fosse excluído dessa etiqueta protocolar. O filho mais novo de príncipe Carlos e de Lady Diana (1961-1997), atual Duque de Sussex, perdeu os títulos militares o ano passado quando se afastou da família real, optando por uma vida independente e fora do Reino Unido, com a mulher, Meghan.
Os homens vestiram casaca preta, ostentando as respetivas medalhas e insígnias, enquanto as mulheres usaram roupa de cerimónia preta e chapéu.
Na cerimónia, com leituras bíblicas e canções religiosas, o duque foi descrito como um “homem gentil, com senso de humor e humano”, pelo deão de Windsor, David Conner, o único que falou além do arcebispo de Cantuária, Justin Welby.
“Fomos inspirados pela sua lealdade inabalável à nossa Rainha, o seu serviço à nação e à Commonwealth, a sua coragem, força e fé. As nossas vidas foram enriquecidas pelos desafios que nos apresentou, a coragem que nos deu, a sua bondade, humor e humanidade”, disse Conner numa rara referência pessoal no funeral do príncipe, como era seu desejo
O cortejo fúnebre que precedeu o serviço religioso teve a “assinatura” inconfundível do duque, tendo a sua forte ligação à instituição militar ficado evidente desde o início do cortejo.
Antes do início do cortejo, os guardas a cavalo e os guardas a pé assumiram as suas posições num canteiro de flores no Castelo de Windsor e foi o Grupo dos Granadeiros Reais, do qual o príncipe foi coronel durante 42 anos, o encarregado de liderar o cortejo, seguido pelos comandantes seniores do Exército.
O duque teve uma carreira distinta na Armada britânica e, apesar de ter deixado o serviço ativo em 1951, permaneceu muito ligado à vida militar durante sua vida pública, como consorte da rainha.
Outro dos seus desejos foi a utilização de um veículo híbrido Land Rover que transportou o caixão do castelo para a capela, um projeto desenvolvido ao longo de quase 20 anos pelo próprio Duque em conjunto com o construtor automóvel.
O carro foi flanqueado por representantes dos diferentes regimentos militares e seguido pelos seus quatro filhos, o príncipe de Gales, Carlos, herdeiro da coroa, a princesa real Ana, o príncipe André, duque de Iorque e o príncipe Eduardo, conde Wessex.
Os restos mortais do duque de Edimburgo serão inicialmente depositados no panteão real na Capela de São Jorge.
Está previsto que quando a rainha morrer o caixão seja trasladado para a Capela Memorial Rei Jorge VI, junto ao corredor norte da Capela de São Jorge, em Windsor, ficando assim o casal sepultado no mesmo local.
O príncipe Filipe morreu no passado dia 09 de abril, em Windsor, aos 99 anos. O príncipe estava casado com Isabel II desde novembro de 1947 e afastou-se da vida pública em 2017.