O antigo ministro Miguel Relvas considerou, na quarta-feira, que “não há um funcionamento regular das instituições”, num comentário às audições de Christine Ourmières-Widener e de Alexandra Reis na comissão parlamentar de inquérito à TAP, criticando ainda o facto de uma “figura central”, o primeiro-ministro, estar “desaparecida”.
“Maltratada está a ser a democracia portuguesa e há aqui uma questão central: não há um funcionamento regular das instituições”, afirmou Miguel Relvas, em declarações na CNN Portugal, considerando que “não há a separação daquilo que é a competência do Governo, daquilo que é a competência do Parlamento”.
“Nós temos deputados que participaram em reuniões escondidas”, criticou, referindo-se a uma reunião, ocorrida a 17 de janeiro, um dia antes da ida de Christine Ourmières-Widener ao parlamento para prestar esclarecimentos sobre a demissão da ex-administradora Alexandra Reis, e na qual estiverem presentes elementos dos ministérios e também o deputado Carlos Pereira, coordenador do PS na comissão de inquérito à gestão da companhia aérea.
Na mesma intervenção, o antigo secretário-geral do PSD acabou depois por lamentar o silêncio de António Costa face a esta matéria e defendeu que PSD deve apresentar uma moção de censura ao Governo.
“Há aqui uma figura central que está desaparecida, que é o primeiro-ministro”, apontou.
“Eu não tenho dúvidas, já o tinha dito, volto a dizê-lo, está na hora de o PSD apresentar uma moção de censura”, acrescentou, elogiando a posição pública de Luís Montenegro e defendendo que “não é tempo para uma oposição ternurenta, é tempo para uma oposição ofensiva”.
Reiterando que a “questão” em cima da mesa “é que não há o regular funcionamento das instituições”, Miguel Relvas considerou também que o Presidente da República, “que é tão presente na vida pública a comentar”, devia tomar “uma posição”.
“A questão que se coloca aqui é que de uma forma clara o Governo mistura a Administração Pública com o partido, a presença de deputados com presidentes de empresas públicas. Há aqui uma mistura, há uma dissolução moral daquilo que são as competências de cada um dos órgãos de soberania. A Administração Pública é independente dos partidos que governam”, rematou.
TAP. “Estamos a assistir a um passa culpas degradante” do Governo diz Andre Ventura
“Nós demos há poucos minutos entrada de um requerimento na comissão de inquérito para que todas as mensagens entre o ministro das Infraestruturas João Galamba, a CEO da TAP e todas as entidades envolvidas nesta narrativa tenham que ser entregues à comissão de inquérito”, anunciou André Ventura.
O presidente do Chega falava aos jornalistas à saída da sede da Carris, em Oeiras, depois de se ter reunido com a Comissão de Trabalhadores daquela empresa.
Ventura salientou que o requerimento visa perceber quem é que pediu e qual foi a troca de mensagens relativa à reunião, em 17 de janeiro, entre Christine Ourmières-Widener, assessores governamentais e deputados do PS, na véspera de uma audição parlamentar da presidente executiva da transportadora aérea.
“Nós temos de saber quem é que está a dizer a verdade aqui, porque nós já tínhamos vários ministros fragilizados. Neste momento, a todos os que já estavam, junta-se João Galamba e Ana Catarina Mendes que são suspeitos de participar numa coisa que eu acho que é completamente imoral e antiética”, salientou.
O líder do Chega considerou que a reunião em questão está “muito próxima do que é, no âmbito dos processos, a manipulação de testemunhas”, acusando o PS de ter procurado “condicionar o testemunho” de Christine Ourmières-Widener na audição parlamentar de 18 de janeiro.
Fazendo um balanço das audições que decorreram até agora na comissão de inquérito à TAP, Ventura considerou que revelam “o tremendo pântano em que está envolvido o Governo socialista”.
“Nós estamos a assistir a um passa culpas degradante entre membros do Governo, (…) mentira atrás de mentira, tentativa de ocultação atrás de tentativa de ocultação, e eu acho que era importante ouvir António Costa” sobre o assunto, disse.
O líder do Chega desafiou o primeiro-ministro a revelar se mantém a confiança nos ministros das Infraestruturas, João Galamba, e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, mas também no atual líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, no deputado socialista Carlos Pereira, que participou na reunião com Ourmières-Widener.