Uma interdição de vistos para todos os russos para punir Moscovo pela guerra na Ucrânia vai ser discutida no fim de agosto pela União Europeia (UE), revelou o chefe da diplomacia checa Jan Lipavsky, cujo país preside atualmente ao Conselho da UE.
A medida, exigida pelas autoridades ucranianas, divide a UE. As sanções do bloco devem ser adotadas por unanimidade pelos 27 Estados-membros.
“Uma proibição total de vistos russos por todos os países da UE poderia ser outra sanção muito eficaz contra a Rússia”, argumentou Lipavsky. O ministro irá ouvir os seus homólogos numa reunião informal no final de agosto em Praga.
“Neste período de agressão russa, que o Kremlin não para de intensificar, não pode haver qualquer turismo como é habitual para os cidadãos russos”, referiu.
No entanto, o ministro checo tem de convencer o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, que preside ao Conselho de Ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa. As propostas de sanções são uma das suas prerrogativas.
Finlândia e Estónia a favor, Comissão está reticente
“Atualmente, não podemos proibir a entrada a pessoas com vistos de outro país no espaço Schengen. Estamos à procura de opções”, salientou recentemente a primeira-ministra estoniana Kaja Kallas, apoiando uma proibição geral.
A Finlândia também defende uma decisão europeia, uma vez que a legislação do país não permite uma proibição total de vistos baseada na nacionalidade. Como importante país de trânsito para os russos, quer reduzir os vistos turísticos, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros, Pekka Haavisto, no início do mês.
Mas a Comissão não esconde as suas reservas quanto a uma medida que penalizaria todos os cidadãos russos e insiste na necessidade de proteger dissidentes, jornalistas e famílias.
“Os Estados-membros têm uma ampla margem para emitir vistos de curta duração e analisam os pedidos caso a caso, com base no seu mérito”, disse uma porta-voz.
República Checa deixou de emitir vistos em fevereiro
“Os russos apoiam esmagadoramente a guerra, aplaudem os ataques de mísseis às cidades ucranianas e o assassinato de ucranianos. Portanto, que os turistas russos desfrutem da Rússia”, escreveu o chefe da diplomacia ucraniana, Dmytro Kouleba, no Twitter.
A República Checa deixou de emitir vistos aos russos a 25 de fevereiro, no dia seguinte à invasão da Ucrânia pela Rússia.
A UE adotou seis pacotes de sanções contra Moscovo, incluindo a suspensão das suas compras de carvão e petróleo.
Também colocou mais de 1.000 russos, incluindo o presidente Vladimir Putin e muitos oligarcas, na sua lista negra de pessoas a quem a entrada é proibida no território do bloco e restringiu os vistos de curta duração para funcionários ligados ao regime desde finais de fevereiro.