O selo comemorativo das Jornadas Mundiais da Juventude – a celebrar em Lisboa entre 1 e 6 de agosto, e envolvendo milhões de euros em trabalhos preparatórios – foi alvo de polémica, com um bispo português a considerá-lo “de muito mau gosto”. A imagem é do Papa, de pé no monumento dos Descobrimentos, em Lisboa, muito ao estilo do Infante D. Henrique, à frente de crianças, uma das quais segura a bandeira portuguesa. Os críticos acreditam que toda a imagem cheira a colonialismo, pior ainda: os tempos da ditadura. O selo custa 3,10€, tendo sido impressos 45.000 exemplares. É obra de um artista italiano, Stefano Morri, que desenhou vários selos para o Vaticano, possivelmente nenhum deles tão mal recebido.
Hoje, a notícia é que o polémico selo comemorativo foi “retirado de circulação pelos Serviços de Correios e Filatélicos da Santa Sé”, conforme noticia o Correio da Manhã, cujo evento “a Jornada Mundial da Juventude mais cara da história ” que deverá custar cerca de 160 milhões de euros.
A escolha de Lisboa num ano em que o ‘escândalo’ de pedofilia da Igreja Católica portuguesa foi exposto, vai ser sempre ‘um desafio’. Acresce a isso o custo de obras luxuosas, pelo menos metade das quais serão suportadas pelo governo e pela Autarquia de Lisboa, num ano em que as famílias estão presas à inflação, e todo o ‘fascínio por tudo’ leva uma espécie de passo para trás.
Outro ‘momento pouco edificante’ foi a crítica do Papa à decisão do governo de aprovar uma lei sobre a eutanásia . O Papa Francisco é esperado no evento.
A reportagem do CM sobre o provável preço do evento (“só os bengaleiros vão custar 3 milhões de euros”) refere-se ao “um milhão de visitantes jovens de todo o mundo esperados na capital”. Isso pode ser um ‘erro’, mas relatórios do passado preveem 1,5 milhão.
E agora vem a confusão sobre o ‘selo’ – revelado na segunda-feira, descartado na quarta-feira.
Diz a Lusa, “a notícia da retirada de circulação do selo foi confirmada pela Rádio Renascença à Santa Sé, que não deu quaisquer explicações”.
A agência noticiosa estatal admite que “após a divulgação da imagem do selo, vários comentários negativos foram publicados nas redes sociais, referindo-se às imagens gráficas do Secretariado de Propaganda Nacional do Estado Novo (regime do ex-ditador António Salazar) e ao colonialismo.
“O desenho do selo, lançado juntamente com um selo comemorativo com a logomarca da JMJ, é de Stefano Morri.
“Assim como o timoneiro Henry (O Navegador) lidera a tripulação na descoberta do novo mundo, também no selo do Vaticano o Papa Francisco conduz os jovens e a Igreja”, explica uma nota publicada no site de notícias do Vaticano. , Notícias do Vaticano.
“Questionado sobre a polêmica gerada, o bispo português Carlos Moreira Azevedo, delegado da Pontifícia Comissão para as Ciências Históricas, considerou de “muito mau gosto” a imagem do selo comemorativo da JMJ lançada pelo Vaticano.
“Para Carlos Azevedo, que trabalha no Vaticano, o selo ‘usa um trabalho muito elaborado’ e ‘evoca epicamente uma realidade pastoral que não corresponde a esse espírito’.
“Também na terça-feira, a organização da Jornada Mundial da Juventude esclareceu que o selo comemorativo apresentado pelo Vaticano visava apenas “promover” o encontro dos jovens com o Papa, descartando leituras que o identificassem com o regime do antigo ditador português António Salazar, o Estado Novo ou o colonialismo português”.