A província moçambicana de Cabo Delgado tem-se transformado, nos últimos tempos, num centro de contrabando de madeira.
Em finais de 2020, mais de 80 contentores de madeira haviam desaparecido do porto de Pemba e contrabandeados para o mercado asiático. E na semana passada, 45 contentores de madeira pau preto, prestes a serem exportados ilegalmente para o mercado asiático, foram apreendidos.
Analistas dizem que isto mostra que o contrabando chinês de recursos florestais está longe de ser controlado, fundamentalmente, por causa da corrupção.
O representante da Agência Nacional para o Controlo da Qualidade Ambiental em Cabo Delgado, Mário Parina, disse à VOA, que a sua instituição está a trabalhar no sentido de esclarecer o caso dos 45 contentores de madeira, apreendidos em Montepuez e no porto de Pemba.
Para aquele responsável, “são enormes os danos que a desflorestação e o contrabando da madeira causam à economia e sobretudo ao ambiente”.
O contrabando de madeira, envolvendo maioritariamente cidadãos e/ou empresas chineses, resulta da destruição das florestas moçambicanas, situação que tem sido denunciado há anos, não havendo, no entanto, qualquer indicação de que a mesma possa ser controlada.
O analista político Tomás Vieira Mário diz que o negócio chinês da madeira é facilitado pela corrupção, que colocou o país numa situação perigosa como Estado, e enquanto este fenómeno não for controlado, o país vai continuar a assistir à destruição das suas florestas.
Por seu lado, o conservacionista Roberto Zolho diz que, a par da corrupção, o deficiente funcionamento das instituições do Estado contribui para a destruição das florestas em Moçambique, no entanto sublinha que, de facto, os próprios moçambicanos é que estão à frente desta ação.
Uma posição com a qual está de acordo o sociólogo Moisés Mabunda, quem defende uma reflexão profunda sobre a problemática da exploração de recursos florestais, porque “o à-vontade com que os chineses se envolvem neste negócio mostra que há moçambicanos envolvidos”.
O carpinteiro Januário Afonso diz que tendo em conta a maneira como a exploração de recursos florestais está a ser feita, daqui a pouco Moçambique vai ter que importar portas da China.
Fonte: MZNews