A companhia elétrica EDP inaugurou o maior parque solar flutuante localizado numa albufeira de barragem da Europa, no Alqueva, capaz de abastecer energia a 1.500 famílias e que faz parte da aposta da empresa pelas renováveis num contexto marcado pelo aumento dos preços do gás.
“As renováveis são também a resposta ao tema do custo”, defendeu na passada sexta-feira o diretor-executivo da EDP, Miguel Stilwell d’Andrade, durante a inauguração no Alqueva, no Alentejo (sul), onde recordou que em Portugal se conseguiram preços nos leilões abaixo dos 20 euros por megawatt/hora (MWh).
O parque solar, com um investimento de 6 milhões de euros e uma única ligação à rede, tem o tamanho de quatro campos de futebol e é formado por cerca de 12.000 painéis fotovoltaicos.
Localizada na maior barragem da Europa ocidental, sobre o rio Guadiana, a plataforma foi construída em cerca de seis meses e colocada no passado mês de maio no seu destino definitivo, as águas do Alqueva, onde já está em funcionamento.
O projeto tem uma capacidade instalada de 5 megawatts (MW), assim como 2 megawatts/hora (MWh) de armazenamento em baterias.
Este híbrido entre energia solar, hídrica e baterias é capaz de gerar 7,5 gigawatts/hora (GWh) por ano e abastecer 30% da população da região circundante.
Uma das novidades deste projeto relativamente a outros são os flutuadores, uma mescla de plástico reciclado e compósitos de cortiça, que permitem reduzir a sua pegada de carbono em 16%.
Potencial de crescimento
Mas o potencial de crescimento é grande, já que a plataforma atualmente apenas ocupa 3% da superfície de água da barragem.
A EDP já tem planos concretos para tal: num leilão realizado este ano ganhou o direito a instalar outros 70MW de solar flutuante no Alqueva.
“Não fica por aqui. Vamos expandi-lo com cerca de 70MW”, apontou Stilwell d’Andrade, que reconheceu que quanto tiver pronto -a previsão da EDP é 2025- possa ser o maior do mundo.
E há espaço para mais: “Se houver outros leilões ou outras formas de encaixar… O limite, no fundo, é o tamanho da barragem”, indicou.
A companhia elétrica portuguesa foi pioneira na tecnologia solar flutuante para barragens há cinco anos, quando inaugurou uma plataforma similar, mas mais reduzida, no Alto Rabagão, no norte de Portugal.
A experiência deste projeto piloto, o primeiro deste tipo no mundo, levou-a a desenvolver plataformas de maior dimensão, como a do Alqueva.
Para o futuro, a EDP já pensa em desenvolver esta tecnologia noutros mercados, como Espanha ou Ásia.
“Espanha ainda não fez leilões específicos para solar flutuante, mas existe potencial, por isso, desde o ponto de vista técnico, é perfeitamente possível. É necessário que existam as condições regulatórias para o fazer”, assinalou Stilwell d’Andrade.
Aposta portuguesa pelas renováveis
O Alqueva faz parte da estratégia da EDP para ser 100% verde em 2030, mas também impulsiona a aposta pela transição energética de Portugal, que já abastece 60% do consumo doméstico com renováveis e espera chegar aos 80% em 2026.
“No resto da década temos que duplicar a nossa capacidade de produção de energia renovável”, defendeu o primeiro-ministro, o socialista António Costa, também presente na inauguração.
Costa destacou também a importância das renováveis para a autonomia energética da Europa: “Se os outros países da UE tivessem feito a aposta que nós fizemos, seguramente que não continuariam a financiar o senhor (Vladimir) Putin e adquirir gás russo para satisfazer as suas próprias necessidades”.
Fonte: Paula Fernández/ Agência EFE