Para Marcelo Rebelo de Sousa, o encontro cancelado por Bolsonaro “permitiu que se falasse ainda mais de Portugal” no Brasil. No regresso marcado para setembro, o Presidente não espera novo convite.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou esta segunda-feira que o encontro cancelado pelo seu homólogo brasileiro, Jair Bolsonaro, acabou por ser vantajoso, pelo destaque mediático que trouxe a Portugal no Brasil.
Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, a presença do Presidente português no Brasil “passou a ser tema”, tornou-se algo “tão coberto, tão coberto pela comunicação social brasileira” e gerou-se “uma grande simpatia em relação a Portugal”.
“Portugal marcou, e foi bom, foi um bom investimento. Nós temos um princípio, os crentes dizem que Deus escreve direito por linhas tortas. E a linha tortinha deu para escrever muita coisa direita”, acrescentou.
O Presidente da República, que regressa esta segunda-feira a Portugal, destacou os contactos que teve com a população brasileira: “Na rua acenavam dos carros, cumprimentavam, paravam. Eu devo dizer que nunca tive tantas selfies de brasileiros no Brasil como agora”.
No seu balanço, esta visita de três dias, com passagens por Rio de Janeiro e São Paulo, “correu muitíssimo bem, e superou as expectativas”.
Interrogado se estava a sugerir que não fez falta o encontro com Bolsonaro, respondeu: “Não, quer dizer, teve grandes virtualidades. Portugal ficou marcante no Brasil e abriu-se o apetite para futuros encontros. E não há nada como isso, de facto, assim um compasso de espera, para depois o abraço ser ainda maior, como o abraço que recebemos genericamente de todos os brasileiros”.
Jair Bolsonaro fez saber pela comunicação social que já não iria receber o Presidente português em Brasília, decisão que justificou com o facto de Marcelo Rebelo de Sousa se ir encontrar com o antigo presidente Lula da Silva em São Paulo. Os dois vão defrontar-se nas eleições presidenciais que estão marcadas para 2 de outubro.
Marcelo Rebelo de Sousa disse que até agora não recebeu nenhuma comunicação por escrito da parte do Presidente do Brasil sobre este cancelamento, nem nenhum telefonema: “O meu telefone não tocou — ou melhor, tocou várias vezes, mas não tocou desse número”.
Questionado se espera que Bolsonaro lhe telefone antes da sua próxima vinda ao Brasil, prevista para setembro, observou: “Eu sou velhinho, já vi tanta coisa na vida, que realmente esta é das mais fáceis de adivinhar”.