Um cidadão de origem portuguesa a viver em França foi condenado, na semana passada, a oito anos de prisão pela violação de uma mulher. O homem, que tem 14 filhos de várias relações, já tinha cumprido pena por outros crimes sexuais.
Na origem do julgamento por violação, esteve uma denúncia apresentada pela ex-companheira do suspeito, pedreiro de profissão, numa esquadra da cidade francesa de Vendôme, a 15 de fevereiro de 2018.
A mulher, com quem o homem tinha mantido um relacionamento de alguns meses no ano anterior, disse ter sido violada três semanas antes da data da denúncia, em casa do agora condenado. Tinha concordado em acompanhá-lo para ajudá-lo a preencher uma declaração de impostos, mas acabou violada, deu como provado o tribunal, que confirmou o que era apontado pelos exames médicos realizados na sequência dos factos.
O indivíduo, descrito como um homem fisicamente robusto, com 100 quilos, estaria bêbedo e terá despido a vítima, forçando-a a atos sexuais de relevo, mesmo perante a sua insistente recusa e resistência. Em tribunal, a mulher, que ficou com lesões internas, disse ter-se sentido coagida ainda pela presença de uma faca no local onde a violação ocorreu.
A denunciante, na casa dos 50 anos, foi, a seu pedido, internada durante três meses num hospital psiquiátrico logo após os factos, com um quadro grave de ansiedade e depressão, apresentando sintomas como dores de estômago, distúrbios de sono e pensamentos suicidas. “Deixou de comer e perdeu a função das pernas. E também tem medo de ver o acusado outra vez”, disse a advogada em tribunal, Fabienne Aubry.
A vítima, acompanhada por uma enfermeira do hospital durante o julgamento, tinha descrito à Polícia um homem “bruto” que se comportava “como um animal” no plano sexual – razões que levaram ao fim do anterior relacionamento entre ambos.
De acordo com o jornal francês “La Nouvelle République”, a vítima estaria em situação de grande vulnerabilidade, somando aos problemas económicos um “vício” em raspadinhas.
O quadragenário agora condenado a pena de prisão e ao pagamento de 18 mil euros à vítima, negou sempre as acusações, alegando que a mulher inventara calúnias para não ter de devolver dinheiro que o próprio lhe tinha emprestado para comprar cigarros e jogos da sorte.
O pesado registo criminal do arguido – tinha sido condenado outras duas vezes, em 2008 e em 2013, por agressão sexual a ex-companheiras – e o histórico de relacionamentos instáveis – teve 14 filhos com diferentes mulheres espalhadas por Portugal, Suíça e França (onde chegou em 1999) – também não abonaram a seu favor em tribunal.