Uma operação conjunta entre a Interpol e 30 países mundiais, de combate ao depósito e tratamento ilegal de lixo ‘covid-19’, levou à detenção de 102 pessoas, 30 delas só em Portugal e 20 em Espanha.
A polícia europeia Interpol anunciou esta segunda-feira a detenção de 102 pessoas em 30 países numa operação de combate ao tratamento e depósito ilegal de lixo relacionado com a covid-19. Entre estas, 30 detenções foram feitas em Portugal, onde as autoridades lusas levaram a cabo buscas em mais de 2000 empresas, incluindo na área hospitalar. No âmbito de operação – denominada Retrovirus -a Guarda Nacional Republicana apreendeu ainda bens no valor de 790.000 euros, informou a Interpol em comunicado. As autoridades não revelam, no entanto, pormenores sobre a localização das empresas ou a origem das detenções, mas refere no comunicado que uma empresa de Lisboa teria ligações com uma outra em Espanha, que foi também alvo das autoridades.
A operação da polícia europeia surge após os recentes aumentos no tratamento e depósito de lixo ilegal um por todo o mundo. Ao todo, as autoridades de 30 países inspecionaram estações de tratamento e transporte de lixo “que “foram cruciais para por fim ao tráfico ilegal, armazenamento, descarga e transporte de resíduos e fraude de documentos”, pode ler-se.
Ao todo foram realizadas quase 280.000 operações que resultaram na detenção de 102 pessoas. Mais de 800 entidades e pessoas a título individual foram multadas e 22 apreensões de resíduos.
Casos em Espanha e Portugal estão ligados. Na vizinha Espanha foram detidas 20 pessoas por crimes contra os direitos laborais, ambiente e saúde pública. A Interpol destaca uma das empresas com operações em várias cidades (Barcelona, Madrid, Múrcia, Valência, Tarragona e Zaragoça) e que terá ligações com uma empresa que operava em Lisboa.
Os resíduos sanitários recolhidos pela empresa em questão, deviam ser esterilizados a alta pressão de forma a eliminar todos os componentes perigosos. No entanto, “para aumentar os lucros, a empresa reduziu o tempo de tratamento, o que resultou na não esterilização adequada dos resíduos antes da sua eliminação”. “O tratamento inadequado causou riscos elevados para a saúde pública”, explica a Interpol.
As autoridades identificaram também irregularidades no transporte de resíduos sanitários em toda a UE. Nomeadamente na República Checa, Polónia, Roménia e Eslováquia as autoridades identificaram carregamentos ilegais que foram depois enviados de volta para o país de origem.
Ao todo a operação conjunta teve a colaboração de 30 países, incluindo Portugal, Luxemburgo, Alemanha, Bélgica, França, Países Baixos, etc.