O feriado brasileiro do Dia da Independência, na terça-feira, foi marcado pelos protestos contra e a favor do Governo de Jair Bolsonaro, nas ruas de São Paulo e Brasília.
Mas os discursos polémicos do presidente do Brasil, que usou as manifestações a seu favor para atacar o Supremo Tribunal Federal (STF) e o juiz Alexandre de Moraes, foram considerados inconstitucionais pelos críticos e levaram a oposição política a pedir, uma vez mais, a sua destituição – cenário que Bolsonaro considera improvável visto ter afirmado que “só Deus” o tirará do Governo.
O Brasil celebrou, na terça-feira, o 199.º aniversário da independência do país perante um cenário de alta tensão, com manifestações convocadas pelo próprio Jair Bolsonaro e outras pelos seus opositores. As cidades de São Paulo e de Brasília foram palco das manifestações pacíficas dos apoiantes radicais do presidente brasileiro, que intensificou as ameaças ao Supremo Tribunal.
Milhares de pessoas provenientes de várias regiões do Brasil juntaram-se às manifestações e exibiram cartazes com ataques aos juízes do Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Congresso, com pedidos de liberdade de expressão e religiosa e entoaram cânticos de apoio ao chefe de Estado. Uma intervenção militar no país foi também uma das bandeiras defendidas pelos manifestantes.
Já os políticos que fazem oposição a Bolsonaro criticaram-no pelas ameaças que lançou ao poder judiciário do país e voltaram a defender a destituição do mandatário. Entre as vozes críticas está a do governador de São Paulo e rival político do presidente brasileiro, João Doria, que, pela primeira vez, se manifestou publicamente a favor do ‘impeachment’ do chefe de Estado.
“A minha posição é pelo ‘impeachment’ do presidente Jair Bolsonaro. Depois do que ouvi hoje, ele claramente afronta a Constituição”, afirmou Doria no Centro de Operações da Polícia Militar (Copom), onde acompanhou as manifestações agendadas para o Dia da Independência do Brasil.
“Até hoje nunca havia feito nenhuma manifestação ‘pró-impeachment’, mantive-me na neutralidade, entendendo que até aqui os factos deveriam ser avaliados e julgados pelo Congresso, mas depois do que assisti e ouvi hoje, em Brasília, sem sequer estar ouvindo, ele, Bolsonaro, claramente afronta a Constituição, ele desafia a democracia e empareda o Supremo Tribuanl Federal”, acrescentou, citado pela imprensa brasileira, João Doria, que pretende concorrer às presidenciais de 2022.
Também Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul e que partilha com Doria o mesmo partido político – Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB)- defendeu a saída de Bolsonaro do poder na rede social Twitter.