No ano europeu do transporte ferroviário, a Medway quer promover o comboio como meio mais sustentável para envio de mercadorias e estabeleceu parceria com artista visual e ilustradora portuguesa.
Os desenhos nos comboios não costumam dar bom resultado. Nas situações mais graves, os graffitis podem levar ao cancelamento de viagens porque simplesmente não há condições de visibilidade para os maquinistas. Mas em nome do ambiente é possível pôr a arte urbana a fazer o bem e a mostrar o comboio como o meio de transporte mais sustentável.
A empresa de transporte ferroviário de mercadorias Medway convidou a artista visual e ilustradora portuguesa Kruella D’Enfer para decorar uma locomotiva, que vai andar a circular um pouco por todo o país.
“Sendo a arte um meio tão poderoso de comunicação para chegar às mais diversas comunidades, quisemos tirar partido das nossas locomotivas, que percorrem todo o país, para levar esta mensagem de sustentabilidade a ainda mais pessoas”, salienta o presidente da transportadora, Carlos Vasconcelos.
Para a ocasião foi decorada a locomotiva elétrica Joana. Por usar material elétrico, a Medway garante que consegue transportar mercadorias emitindo menos 74% de dióxido de carbono face aos camiões – mesmo que fosse usado material diesel, a redução das emissões seria de cerca de 70%.
“As laterais desta locomotiva são uma viagem por paisagens ilustradas, com destaque para o início dos caminhos de ferro em Portugal, passando pela representação da atual locomotiva elétrica, aos colaboradores da Empresa, ao dia a dia, e à visão de uma criança em busca de um futuro mais verde e colorido. Algo que pode ser visto e apreciado por todos, de Norte a Sul do país”, explicou a artista, que foi responsável, por exemplo, pela ilustração do painel de fundo do pódio do Grande Prémio de Portugal de Fórmula 1 de 2020, em Portimão.
Kruella D’Enfer destacou também a possibilidade de a arte urbana poder unir-se aos meios de transporte. “Penso que esta parceria poderá abrir portas a que mais artistas, muitos deles que fazem ou fizeram graffiti, possam ter oportunidades de verem o seu trabalho aplicado neste suporte e fazer este tipo de colaborações. A aliança entre a comunidade artística e as empresas será sempre algo positivo para ambos os lados.”
A artista lembrou que “a arte é e sempre será a maneira mais fácil de comunicar com todas as pessoas, de todas as idades”.
O resultado final entusiasmou o líder da Medway, que admite promover mais colaborações com artistas portugueses: “é, sem dúvida, um tipo de parceria que queremos continuar a explorar para promover a ferrovia como contributo para um meio ambiente mais verde”.
Recetiva a mais colaborações, Kruella D’Enfer espera que no futuro “outros artistas também possam ter este tipo de oportunidades” e considerou o graffiti como algo que “não é negativo” e que “deveria ser visto como uma evolução para hoje em dia existir a arte urbana”.