Depois de cumpridos todos os compromissos associados à edição da revista Comunidades de agosto e, também, na plataforma de informação diária www.revistacomunidades.pt até ao dia de hoje, 31 de agosto, damos como encerrado este projeto de comunicação, que vimos trabalhando desde 2014 e totalmente dirigido aos portugueses e lusodescendentes que vivem e trabalham no estrangeiro.
Este projeto de comunicação sempre se caraterizou por ser independente de qualquer grupo (económico, social ou político) e teve como missão promover a cultura e a língua portuguesa, através uma informação generalista, levando aos portugueses e lusodescendentes que vivem e trabalham no estrangeiro as notícias de um Portugal moderno, empreendedor e acolhedor.
Iniciámos a preparação do projeto no tempo em que era Secretário de Estado das Comunidades José Cesário (2013), que muito nos ajudou, com os seus conselhos e experiência do tema, a corrigir e melhorar a estratégia inicial, através de uma relação que ainda hoje se mantém, baseada numa fina educação e contante disponibilidade, que sempre reconheceremos.
Em junho de 2014 foi publicada a primeira edição da revista Port.Com, com motivo das comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Para além da revista, com periodicidade mensal, estivemos também presentes nas principais redes sociais e, diariamente, com a publicação de notícias no site da revista. Foi o primeiro projeto transversal dirigido especialmente à emigração portuguesa, tendo como parceiros na área editorial as publicações de língua portuguesa mais influentes nas principais comunidades com que temos colaborado até aos nossos dias.
Seguidamente e com a mudança de Governo, PSD para PS, a pasta da SECP é assumida por José Luís Carneiro que, com uma excecional equipa (caso raro em qualquer Governo) trabalhadora, séria, honesta, isenta e muito motivada, se praticou uma boa comunicação com a Diáspora e que muito ajudou aos bons resultados de várias iniciativas realizadas na altura, nomeadamente os Encontros de Investidores da Diáspora, de que fomos coautores na sua génese, e que muito contribuíram para o investimento das comunidades em Portugal, bem como para o desenvolvimento de negócios das empresas nacionais através dos seus processos de internacionalização. Também de recordar, nesta época, a realização do primeiro Congresso das Redes da Diáspora, realizado no Porto e, ainda, a atualização da lista de eleitores inscritos nos cadernos eleitorais que passaram de cerca de 350 mil para cerca de 1.450.000.
Em outubro de 2009 toma posse como SECP Berta Nunes, ex-presidente da Câmara Municipal de Alfândega da Fé e que suspendeu o mandado para se candidatar a deputada do Partido Socialista pelo círculo de Bragança. Ganhas as eleições, ruma a Lisboa para assumir o cargo, afirmando em entrevista à revista Port.Com “conheço bem a importância que as comunidades portuguesas têm para o nosso país”.
No entanto notou-se bem a impreparação e desconhecimento dos problemas da emigração portuguesa da nova SECP para este cargo, talvez atribuído como “prémio” pelos resultados eleitorais conseguidos em Bragança, agravados ainda pelos efeitos da Covid-19 durante o seu tempo de governação.
Nesta altura realizámos ainda, em dezembro de 2019, o IV Encontro de Investidores da Diáspora, em Viseu, o último organizado sob a responsabilidade da anterior coordenadora do Gabinete de Apoio ao Investidor da Diáspora (GAID) Luísa Paes Lowe, diplomata de carreira e pessoa de muito mérito.
Ainda no tempo de Berta Nunes e no início de 2020, face à grave situação económica verificada com os efeitos da Covid-19, o Governo efetuou uma compra de publicidade, com pagamento antecipado, aos OCS nacionais, estendendo também esta iniciativa aos OCS da diáspora no valor de 200 mil euros. Surpreendentemente o projeto Port.Com não foi beneficiado na parte nacional, porque não somos uma empresa de comunicação nacional ou regional. Também e apesar de toda a informação veiculada no projeto Port.Com seja totalmente dirigida às comunidades portuguesas, não fomos beneficiados por termos sede em Portugal.
Apesar dos critérios discutíveis da seleção de OCS da diáspora e valores atribuídos, contemplados em 11 países, chegámos à conclusão de que nunca tivemos, por parte do Governo, o reconhecimento do nosso trabalho, face ao esforço financeiro e de trabalho desenvolvido em prol da coesão da emigração com as suas raízes e promoção do bom nome de Portugal no exterior.
Por sermos uma publicação independente e sem nunca termos tido qualquer tipo de apoio, benefícios, ou qualquer subsídio por parte do Estado, como tantos outros OCS e, acrescido a este problema, os efeitos comerciais negativos da Covid-19, resolvemos dar como terminado o projeto Port.Com, publicando a última edição em dezembro de 2019.
Esta decisão provocou uma onda de solidariedade que nos surpreendeu, tanto por parte dos leitores como por parte de responsáveis políticos e do Governo, como também por empresas e empresários que utilizavam esta publicação para a sua comunicação com as comunidades.
Face a esta autêntica “onda” de solidariedade (que incluía promessas de apoios e ajudas, que até hoje nunca se concretizaram) resolvemos criar uma nova empresa – CEVID – para albergar o projeto numa nova versão e que antes tínhamos estudado, que consistia no alargamento da influência da revista aos países de expressão lusófona, uma vez que sempre promovemos a cultura e a língua portuguesa, dando-lhe um novo título, revista Comunidades e publicando a sua primeira edição em agosto de 2020, com as habituais ações realizadas em território nacional e dedicadas às famílias de emigrantes que vieram passar as férias em Portugal.
Como resultado das últimas eleições realizadas temos como SECP atual, Paulo Cafôfo, que tomou posse em 30 de março de 2022. Mais um ex-presidente de Câmara que renunciou ao cargo para se candidatar a presidente do Governo Regional da Madeira. Pessoa sorridente e simpática que, logo no início do seu mandato, levantou um autêntico muro de silêncio com a comunicação social.
Uma Secretaria de Estado que não comunica, não informa, não mantém diálogo e permite detetar no seu staff pessoas “atentas, venerandas e submissas” para “agradar ao chefe”, tal como a generalidade dos funcionários públicos que nada sabem fazer e não fazem a mais pequena ideia de como se funciona na “privada” e no esforço financeiro e pessoal necessários ao bom desempenho do trabalho que se realiza. Mas o “chefe” é quem escolhe o staff e o povo a pagar, como é normal.
Como apenas temos cartão de filiação partidária em forma de Cartão de Cidadão de um país chamado Portugal (que o PS desconhece) e não praticamos o beija-mão, nem andamos de mão estendida à “caridade”, talvez sejam estas as razões para não beneficiarmos de qualquer atenção, ou reconhecimento, por parte do Governo, apesar de sermos a única publicação de língua portuguesa, líder em audiência e referência em informação, no espaço da lusofonia: comunidades portuguesas e países de expressão portuguesa.
Pena não termos a saúde necessária para nos dar as energias necessárias para continuarmos este projeto, de forma a tentar que os 2.240.152 portadores de Cartão de Cidadão com morada no estrangeiro e lusodescendentes, possam ser considerados portugueses de Primeira e não de segunda como tem acontecido com estas duas últimas Secretarias de Estado das Comunidades Portuguesas.
Não encontrando quem nos dê garantias de continuidade a este projeto com a isenção editorial e qualidade que lhe estão associadas e reconhecidas em todas as comunidades portuguesas, resolvemos dar por fim a este trabalho.
As forças e energias para o projeto Comunidades já não são as mesmas do início da Port.Com (título anterior ao atual) e, neste momento, mais vale desistir do que agravar a saúde face à situação a que Portugal chegou politicamente e ao ainda não reconhecimento da emigração portuguesa por quem nos temos debatido estes anos.
Assim, resta-nos agradecer a todos os que nos acompanharam e apoiaram durante dez anos difíceis, mas interessantes e que voltaríamos a repetir com saúde e energia.
Uma palavra aos leitores que sempre nos acompanharam e deram a liderança em audiência na diáspora, bem como aos cometários e sugestões que sempre nos deram para melhoria de conteúdos na plataforma de informação diária.
Um especial reconhecimento e apreço ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, por considerarmos ser o único político português que sempre respeitou os emigrantes portugueses e nunca se serviu da emigração para ambições políticas ou pessoais.
Um agradecimento a todos os colaboradores que passaram neste projeto e, em especial ao Bruno Vale, que nos acompanha desde o início e tem sido o responsável pelas capas da revista e paginação e a dois ex-colaboradores que marcaram também o seu tempo neste projeto, José Caria, ex-diretor adjunto e Márcia Oliveira que foi durante muito tempo o “braço direito” da direção e aos quais lhes pedi uma contribuição para esta última edição e a que responderam com toda a satisfação.
Não posso esquecer o apoio e presença constante da empresa Garland desde o primeiro momento, bem como do Banco Millennium, Cerveja Sagres, Crédito Agrícola e tantas outras Marcas que sempre nos acompanharam e confiaram neste projeto para a sua comunicação com as comunidades portuguesas.
A todos um grande muito obrigado e, agora que vou ter tempo para tratar da minha saúde, se tudo correr bem, seguramente vamo-nos encontrando por aí.
Talvez com o capital de conhecimento, experiência e contactos desenvolvidos ao longo destes anos, possa dar ainda um contributo para apoiar a Comunicação Social da Diáspora, tão maltratada e desconsiderada pelos sucessivos Governos e atualmente em profunda crise e numa degradação completa, sobrevivendo com inúmeras dificuldades e à custa da “carolice” dos seus proprietários.