O CEO diz que os investidores imobiliários internacionais, em particular as sociedades gestoras de fundos, podem ficar assustados com a política que tem recebido críticas generalizadas em Portugal.
Miguel Alegria, cuja empresa é especializada na construção e na gestão de projetos de construção, diz que muitos destes investidores, sobretudo os conservadores, “já estão preocupados com a falta de estabilidade e podem paralisar os investimentos”.
Em entrevista ao jornal Negócios, referiu: “Ouvimos uma preocupação considerável e crescente por parte dos investidores que aguardam para ver o que realmente vai acontecer” disse o CEO da empresa portuguesa que presta serviços a grandes promotores e investidores que operam no mercado nacional.
Miguel Alegria diz que nenhum dos seus projetos está para já, acrescentando que “só poderemos medir o impacto do anúncio do Governo daqui a alguns meses, altura em que poderíamos esperar alguma quebra nas decisões”.
O CEO diz ainda que existe um consenso geral, de que algumas das medidas do Governo serão difíceis de aplicar e que muitas poderão não surtir o efeito desejado, como esperavam os que desenharam as políticas destinadas a atenuar o défice crónico de habitação em Portugal.
Na sua opinião, os problemas que têm impacto no custo final da habitação incluem os atrasos no licenciamento, o IVA e o aumento dos custos de construção. “Essas três questões ao mesmo tempo significam que é realmente difícil construir moradias a um preço acessível.”
Quanto às políticas coercivas de arrendamento, disse que a ideia que se projeta no estrangeiro é que o Governo segue políticas muito diferentes dos padrões europeus e norte-americanos.
Miguel Alegria salientou ainda que o fim do programa Golden Visa transmitiu ao mercado internacional a mensagem de que Portugal alterou as suas regras de acordo com os gostos do Governo, insinuando uma política politicamente motivada e não uma boa política económica ou empresarial.
“Estas medidas restritivas servirão mais para afugentar investidores do que atrair investimento”. Só em 2022, a Engexpor apoiou 31 transações, representando um volume de investimento de 850 milhões de euros e alertou que “estes fundos internacionais estão aqui agora, mas podem facilmente deslocar os seus investimentos para outro país”.