O presidente de Cabo Verde, José Maria Neves, acredita no papel das diásporas cabo-verdianas para ajudar no desenvolvimento sustentável do arquipélago.
Neves, que encerra uma visita oficial aos Estados Unidos, nesta quarta-feira, reuniu-se com autoridades locais e representantes da comunidade cabo-verdiana nos estados americanos de Massachussetts e Rhode Island.
Em entrevista à ONU News, José Maria Neves disse que se encontrou com empreendedores jovens de Cabo Verde, que residem nos Estados Unidos, e que estão prontos para fazer negócios com o país de origem.
“E há uma grande abertura, há uma grande disponibilidade e até vontade de alguns de investirem diretamente em Cabo Verde. A nossa perspetiva é de termos jovens que sejam abertos, cosmopolitas, cidadãos do mundo e que podem aproveitar as oportunidades que existem em Cabo Verde e que existem em outras partes do mundo. A nossa perspetiva não é que as pessoas fiquem confinadas em Cabo Verde, regressem a Cabo Verde e vivam apenas nesse espaço territorial. Não. Cabo Verde é um país efetivamente trans territorial, transnacional, onde as pessoas podem aproveitar as oportunidades nas comunidades imigradas ou em Cabo Verde. É esta a nossa ideia.”
Com mais cidadãos vivendo fora de Cabo Verde do que no arquipélago, a nação de língua portuguesa no oeste da África, mantém uma estreita cooperação e diálogo com suas diásporas que vivem nos Estados Unidos, na Europa incluindo Países Baixos e Portugal, e outras partes.
Para José Maria Neves, o país é transnacional e trans territorial e deve encontrar as respostas para os desafios atuais além de suas fronteiras.
Ao falar da língua portuguesa, o presidente de Cabo Verde lembra que a nação é bilíngue e que utiliza o português em suas relações internacionais com as Nações Unidas, a Cedeao ou a União Africana. Mas para ele, é preciso que os cabo-verdianos no exterior também possam aprender o português assim como outras línguas. O presidente diz que ser multilíngue é um ativo que não deve ser desperdiçado.
Ao ser perguntado pela implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODS, e particularmente o de número 5 sobre a igualdade de gênero, José Maria Neves disse acreditar que uma mulher chegará ao posto de chefe de Estado e governo em seu país, num futuro próximo.
“Eu acho que sim. Eu acho que esses cargos estão abertos. E há disponibilidade dos cabo-verdianos em votarem num homem ou numa mulher. Isso depende da apresentação, das ideias, da visão, do espírito de liderança do homem ou da mulher. Não há nenhum constrangimento, até porque as mulheres estão a ganhar espaços nas universidades, no sistema de saúde, na administração pública, na governação das empresas e, em muitos espaços, os rapazes estão até a ficar para trás. Portanto, eu sou muito otimista e acho que as mulheres têm todos os espaços para intervirem na vida política, econômica e social de Cabo Verde e também para serem eleitas para todos os cargos desde o presidente da República até o de deputado municipal.
O presidente José Maria Neves falou à ONU News à margens de sua viagem oficial aos Estados Unidos, que terminou neste 5 de abril.