O Prémio Europeu Carlos V reconhece o trabalho de “pessoas, organizações, projetos ou iniciativas que contribuíram para o conhecimento geral e o engrandecimento dos valores culturais, sociais, científicos e históricos da Europa, assim como para o processo de construção e integração europeia”, segundo a Fundação da Academia Europeia e Ibero-americana de Yuste, que o atribui.
António Guterres recebeu o 16.º Prémio Europeu Carlos V, que o júri lhe atribuiu “pela sua acreditada, ampla e longa trajetória de vida dedicada ao compromisso social, ao processo de construção europeia, à promoção do multilateralismo e à dignidade humana como núcleo do seu trabalho, abordando desafios e crises globais”.
“São incansáveis os seus esforços por conseguir mais consensos, por congregar mais compreensão e mais vontades para enfrentar os enormes desafios globais sem renunciar aos altos princípios éticos e morais que estão tanto na origem como no desenho da organização [das Nações Unidas], casa comum de todas as Nações, como na trajetória pessoal de serviço e entrega ao seu país, à Europa e agora ao multilateralismo que também representa a ONU”, disse o Rei de Espanha, Felipe VI, em Cuacos de Yuste, na região espanhola de Cáceres, na cerimónia de entrega do Prémio Europeu Carlos V a António Guterres.
Felipe VI considerou que Guterres “tem estado sempre ao serviço dos melhores valores para tentar alcançar consensos”, além de ter como “constante na sua extensa trajetória” um “compromisso com os mais desfavorecidos, com os mais vulneráveis”.
“Continua a lembrar-nos, com razão, que os problemas globais de toda a índole só têm solução a partir do multilateralismo e da cooperação, que, como ele próprio defende, não são uma opção, mas uma necessidade”, afirmou.
Para o júri do prémio, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) e ex-primeiro-ministro português tem sido “uma figura fundamental para enfrentar um período de mudanças sem precedentes e com terríveis consequências para a Europa e para o mundo”.
“Com o seu trabalho tenaz impulsionou ações para responder à pandemia da covid-19, à guerra na Ucrânia, para abordar a emergência climática e para conseguir reformas ambiciosas para enfrentar os desafios do século XXI”, segundo a decisão do júri, conhecida em março passado.
A cerimónia de entrega do prémio decorreu no Mosteiro de Yuste, Cáceres, e além do Presidente e do primeiro-ministro de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa, estiveram também presentes o alto representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell, a ministra da Defesa espanhola, Margarita Robles, o secretário-geral da Comunidade Ibero-americana, Andrés Allamand, e o presidente do governo regional da Extremadura, Guillermo Fernández Vara.
Na lista de personalidades presentes na cerimónia constam ainda, entre outras figuras, 21 embaixadores em Espanha de países europeus e da América Latina e o alto representante para a Aliança das Civilizações das Nações Unidas, Miguel Ángel Moratinos.
A Fundação da Academia Europeia e Ibero-americana de Yuste tem como “presidente de honra” o Rei Felipe VI e já atribuiu este prémio a outros dois portugueses, o ex-Presidente da República Jorge Sampaio (em 2004) e o ex-primeiro-ministro e antigo presidente da Comissão Europeia José Manuel Durão Barroso (em 2014).
Jacques Delors, Wilfried Martens, Felipe González, Mikhail Gorbachev, Helmut Kohl, Simone Veil, Javier Solana e Angela Merkel foram outras personalidades anteriormente galardoadas com este prémio.
A entrega do galardão coincide com o Dia da Europa, uma efeméride celebrada em 09 de maio que assinala a histórica “Declaração Schuman [Robert Schuman, o ministro dos Negócios Estrangeiros de França em 1950]”, considerada como o momento fundador da atual União Europeia.