Portugal tem sido, nos últimos anos, um grande recetor de imigrantes brasileiros, levando muitos a procurar escolas no país.
O estudo ‘Migrações em Países Lusófonos’, 33.º volume da revista científica produzida pela Diretoria de Pesquisas Sociais da Fundaj, inclui uma edição de um dossiê temático sobre os fenómenos de migração entre Portugal, Brasil e alguns países da África, citando autores nacionais e internacionais com experiência no tema.
Segundo o jornal Mundo Lusíada, o investigador Morvan Moreira, que também trabalhou na elaboração do volume, sublinhou a importância do estudo específico relativamente à migração académica para escolas e universidades portuguesas. De acordo com o investigador, existe, atualmente, «um certo rejuvenescimento do processo migratório. Os brasileiros que buscam hoje Portugal para estudar são tão numerosos, que algumas universidades estão tendo uma fração extremamente expressiva de brasileiros em sala de aula», explicou ao mesmo jornal.
Porquê Portugal?
Segundo o estudo, entre os motivos do crescimento de estudantes brasileiros do ensino superior em projetos de mobilidade estudantil internacional está o aumento do número de bolsas oferecidas pelo Governo brasileiro, a intensificação dos acordos de cooperação com universidades estrangeiras e uma situação socioeconómica mais favorável no Brasil.
Entre os exemplos mais atuais estão convénios entre o Brasil e universidades portuguesas para uso do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) na inscrição do aluno. Os resultados do Enem já podem ser usados por 37 Instituições de Educação Superior portuguesas, que têm liberdade para definir qual será a nota de corte para o acesso dos estudantes brasileiros aos cursos oferecidos.
O estudo refere que, após o ano letivo 2008/2009, os estudantes brasileiros transformaram-se na nacionalidade estrangeira mais numerosa no ensino superior português, ultrapassando os estudantes angolanos e cabo-verdianos.
Dados disponibilizados no site da DGEEC (Direção Geral de Estatísticas da Educação e Ciências) apontavam para um total de 33.097 estudantes estrangeiros no ensino superior português, dos quais 8.710 (26,32%) eram brasileiros, no ano letivo 2015/2016.