Foram encontradas, no estado do Novo México, nos EUA, pegadas humanas com 23 mil a 21 mil anos de existência. A descoberta vem mostrar que os humanos chegaram à América pelo menos 7 mil anos mais cedo que aquilo que se pensava até agora.
A questão de como, quando e de onde veio o ser humano quando migrou para o território americano tem sido alvo de controvérsia entre a comunidade científica há muito tempo. Mas esta nova descoberta pode trazer algumas respostas a perguntas que estão há muito por responder.
O estudo, publicado na passada sexta-feira na revista científica Science, sugere que podem ter existido grandes migrações sobre as quais nada se sabia até ao momento e levanta a possibilidade de estas primeiras populações americanas terem sido extintas.
“Uma das razões pelas quais há tanto debate é faltar pontos de dados realmente firmes e inequívocos. E acho que é isso que nós provavelmente temos aqui”, afirmou, em declarações à BBC News, Matthew Bennett, responsável pelo estudo, levado pelo Serviço Nacional de Parques dos Estados Unidos, pelo Serviço Geológico dos Estados Unidos, e por investigadores da Universidade de Bournemouth, da Universidade de Cornell e da Universidade do Arizona.
Ainda assim, os cientistas não passaram sem algumas dúvidas em relação a esta descoberta, uma vez que que poderia estar em causa um fenómeno chamado “efeito de reservatório”, que acontece quando o carbono pode reciclar-se em ambientes aquosos, interferindo com os resultados de radiocarbono e fazendo as pegadas parecerem mais antigas do que são. No entanto, os investigadores garantem que acautelaram este efeito e consideram que não é significante neste caso, descartando a hipótese.
As novas provas sugerem que os humanos chegaram ao interior da América do Norte no pico da última Idade do Gelo, quando folhas de gelo maciço cobriam grande parte do território que hoje corresponde ao Canadá. Só que isso bloquearia a entrada para quem viesse da Ásia, o que leva a acreditar que estes humanos terão chegado ainda mais cedo, quando havia caminhos abertos por entre o gelo.
As pegadas encontradas formaram-se em lama, nas margens de um lago que agora pertence ao Parque Nacional de White Sands, no Novo México. Os cientistas acreditam que pertencem a crianças e adolescentes, dado o tamanho das impressões.
Os investigadores não sabem dizer ao certo o que estariam os jovens a fazer, mas, pelo rasto deixado, poderiam estar a ajudar adultos nalgum ritual de caça semelhante a rituais mais recentes dos indígenas nativos americanos.