A empresa Astron Buildings S.A., com sede em Diekirch, encontra-se num processo de reestruturação devido ao mau momento que atravessa.
Dos 142 trabalhadores da empresa, 95 vão ver os seus postos de trabalho suprimidos, com a quase totalidade dos trabalhadores afetados a pertencer à unidade de produção que vai ser definitivamente encerrada.
Na fábrica trabalham cerca de uma vintena de funcionários portugueses que, juntamente com os outros, estão agora incluídos num plano de manutenção de emprego (PME) acordado entre sindicatos, administração e Governo, evitando o despedimento destes trabalhadores.
“Já há trabalhadores portugueses, como outros, que acordaram a sua saída voluntária e foram contratados por outras empresas. Também estamos a apoiar os restantes na busca de novo emprego”, diz Annunziato Nastasi, presidente da delegação sindical da Astron Buildings.
“Em teoria, acredito que estes portugueses e a grande maioria dos trabalhadores da Astron englobados no PME deverão encontrar trabalho até ao final do ano”, acrescenta.
Os trabalhadores da unidade de produção desta empresa, especializada na fabricação de construções em metal, “pela experiência e anos que têm nesta fábrica, estão especializados em funções com grande procura no mercado, como os soldadores, por isso há muita oferta de trabalho” por outras empresas e grandes firmas, justifica este sindicalista.
“Os trabalhadores portugueses e todos os outros afetados devem procurar estar tranquilos, pois têm uma polivalência de especializações, pela carreira na Astron, que lhes facilita a sua contratação por outras empresas”, diz Annunziato Nastasi.
O PME inclui o desemprego parcial, acordos para reformas e reformas antecipadas e saída voluntária dos funcionários. Aqueles que não estão perto ainda da idade da reforma estão a ser apoiados pelos sindicatos na procura de um novo trabalho.
O presidente da delegação sindical reconhece que “há pessoas que têm um pouco de medo, com toda a situação, mas devem ser tranquilizadas. A nossa delegação está a apoiar todos na procura ativa de trabalho” e, mesmo os trabalhadores que não possuem diplomas vão poder apresentar um curriculum vitae com toda a experiência adquirida nesta empresa, realça o sindicalista.
O PME foi homologado pelo Ministério do Trabalho a 26 de julho e ficará em vigor até 31 de março de 2024, podendo depois ser renovado.
A fábrica vai fechar gradualmente em três fases, duas secções no final deste ano, outras durante 2024, acontecendo o encerramento definitivo em 2025, especifica o sindicalista.
As negociações dos sindicatos para a manutenção do emprego dos 95 trabalhadores, integrado no PME, decorreram também com os ministérios da Economia e do Trabalho.
Apoios do Governo
“Para apoiar os parceiros sociais neste processo, o Governo está a fornecer várias formas de apoio, nomeadamente uma ajuda financeira aos trabalhadores afetados e às empresas, incluindo as que empregam trabalhadores afetados, que não têm assim que passar pelo desemprego comum”, explicou o ministro da Economia, Franz Fayot numa resposta parlamentar sobre a situação da Astron divulgada na segunda-feira.
Apesar de encerrar a sua unidade de produção, a Astron Buildings vai continuar no Luxemburgo, mantendo as suas atividades administrativas, de engenharia e de investigação.
O português Gregório Matos, de 55 anos, é um dos 95 trabalhadores da empresa Astron Buildings S.A., em Diekirch, que se viu confrontado, repentinamente, com o anúncio de encerramento da fábrica onde trabalha há 35 anos.
A má notícia chegou em junho a estes quase 100 trabalhadores, dos quais uma vintena é de nacionalidade portuguesa. Nessa altura, Gregório Matos, chefe de seção da preparação na fábrica, já tinha marcado as férias.
“Quando as marquei, em março ou abril, nada fazia prever que a fábrica iria fechar. Agora, para a semana, irei de férias com a família, mas, para mim, não são férias, são uma dor de cabeça. Se soubesse nunca as teria marcado, mas já estão pagas”, desabafa o português.
“Dediquei 35 anos da minha vida a esta fábrica e agora vai encerrar. É uma dor no coração e muita preocupação com o futuro”, afirma o chefe, cuja secção vai encerrar “no final deste ano”, mas há outras que só deixam de funcionar mais tarde, em 2024.
A Astron Buildings S.A. define-se como uma empresa líder europeia na fabricação de estruturas metálicas para o setor da construção, como edifícios e parques de estacionamento. Das 13 filiais pela Europa, que empregam atualmente 650 trabalhadores, a de Diekirch é a mais antiga, com cerca de 60 anos.
“Desta fábrica no Luxemburgo construímos estruturas para muitos países da Europa, incluindo Portugal, como parques de estacionamento. Há 20 anos, a fábrica empregava 600 pessoas, e a Astron era líder mundial, agora emprega 142 trabalhadores e vai encerrar. Como acha que nos sentimos?”, questiona Gregório Matos.
No Luxemburgo, só a unidade de produção da Astron vai encerrar, continuando a funcionar os departamentos de engenharia e investigação e os serviços administrativos.